O ZAP NOS ANOS 70
TEMPOS DE TERROR
O terrível atentado de ontem,em
Barcelona,mexeu muito comigo porque amo essa cidade.Muitas vezes estive lá ,ali mesmo ,nas Ramblas,aluguei um flat nos
anos 90 ,bem em frente ao Teatro,porque,muita coisa importante se situa ali.
Saindo da Praça da Catalunha e
atravessando a Rambla chega-se perto da orla de onde saem as barcas
e fazemos um belo passeio marítimo
e ainda podemos visitar o Museu
do Mar,e até subir num barco típico do sec.XVI ,ainda cheio de provisões
como ES estivesse prestes a sair mar a fora.
Sentar nas cadeiras da calçada
e ver o mundo passar,isto é a
Rambla.Indianos,chineses,dinamarqueses,afegãos,americanos,árabes ,enfim ,o
mundo colorido e feliz gozando o verão espanhol.Ali conheci o Antonio Banderas
hospedado ,com a esposa,num hotel perto do meu.Os tourist bus percorrem as duas
pistas num sobe e desce infinito sempre lotados de visitantes e suas
câmeras maravilhosas.
Tento imaginar um atentado ali ,num
espaço cheio de gente,idosos,crianças e mães despreocupadas.Meu Deus,quanta
maldade gratuita,quanto desespero ao ver
a morte chegar do nada,gratuita e dolorosa ,ceifando vidas preciosas. O nome de
todos esses horrores que temos assistido
é intolerância religiosa,uma praga que vem de séculos e parece nunca acabar.
Tremo ao pensar em coisas ainda
piores como um atentado no Parc Güell,ou
na Sagrada Família ,ou nas casas Milá e Batlló , Tibidado ou o Museu Picasso,
bem como o Corte Inglés,que eu visitava sempre ali pertinho,ou mesmo o Centro Histórico .As estátuas de Miró
espalhadas pelas ruas. Que Deus proteja os catalães,povo
orgulhoso,indobrável,consciente do seu poder
e sempre buscando a independência
com a certeza de ser a locomotiva da Espanha ,o motor econômico deste país.O catalão
conserva sua língua,seus costumes,preserva seu modus vivendi ,sabe viver,amar e sonhar ,embalado pelos
seus poetas e escritores que honram o mundo.
RECUERDOS
VIAGEM
À ESPANHA!
Cansada
da senmgracice das viagens aéreas,rápidas,mas,insossas,decidi ir da trem de
Barcelona á Madri. Saímos da Estación di Sanctis, num trem confortável, limpo e
com cabinas climatizadas;era começo de outubro e o frio já se fazia presente. Passamos
por subúrbios ferroviários, que nem de longe se parecem com os daqui,tão feios
e tão sujos;belas casas,jardins,um certo quê de opulência; na Europa é chique
morar nos subúrbios. O trem corria,célere,"a la orilla del mar". Passamos
pela bela cidade de Tarragona,onde eu ja havia estado,de navio. Está um radioso
dia de sol e já alcançamos Torredembarda, lindo burgo com um castelo
medieval;pena que não pude saber nada da sua história,eu que sou vidrada em
historia antiga.Um rapaz passou empurrando um carrinho cheio de gulodices, água
e refrigerantes;vai e vem com seu carrinho,prá lá e prá cá,num balé monótono.
Mudei de janela,escolhi uma panorâmica,a
38-39;tinha direito;afinal,é minha primeira viagem de trem,na Europa,e aqui não
temos disto; nunca entendi como um país continental,como o nosso, pode prescindir
do transporte ferroviário.
Meu
vagão está semi vazio As poltronas são
anatômicas,ponho minha valise de mão no chão e meus pés sobre ela.
A
viagem transcorre como um belo sonho ;não há barulhos,nem fumantes,tudo
perfeito.
Estamos
eu Lliure,avisto uma praia bem bonita,deve ficar lotada,no verão.
Casas
ricas,brancas,mediterrâneas.Muita quietude e paz;deve ser um lugar bom para
viver;
O
trem para na estação, torço para que não entre ninguém para me expulsar do
"meu"banco;entra uma "señorita",mas,senta no banco ao lado.
Conversamos,
ela conta que é de Tarragona,mas,não gosta de cidades grandes,vai trocar por
uma menor.
De
repente ,uma música envolve a cabine,com alegres acordes-Contos dos Bosques de
Viena-meu coração se aquece.
O
trem só demora 5 minutinhos e "se marcha"Vem um funcionário com
auriculares para os passageiros ouvir um filme que passa na TV á minha frente.
A
voz, no autofalante anuncia o inicio do serviço de bordo;passará um funcionário
para anotar os pedidos.
Chegamos
a Reins exatamente ás 13.05 hs.é uma região agrícola,muitos silos para
armazenar grãos;Pequeno burgo encravado nas rochas,uma pequena estação;avisto
as torres dos campanários,ao fundo;recordo a música de Calheiros,que tanto ouvi
na minha infância:"no alto dum campanário,uma cruz simboliza o
passado..."Não sei como essas coisas vêm parar ás nossas cabeças.Percebi
muitos túneis,entra em um para sair em outro...Boas rodovias,bem
sinalizadas,paralelas á via férrea.
Paradel
de la Texeta,plenos campos espanhois.Vejo um rio,com praias,qual será? O
Ebro,talvez...Outra cidadezinha campesina,um ar bem antigo;linda de doer! Um
pontilhão,sobre um belo rio,região de serras baixas e escarpadas.O rio nos
acompanha,ferrovia,rio,estrada.
O
balanço do trem começa a me dar sono;epa!uma cidade grande,qual será?a falta
que um mapa faz!Vejo um monjolo,num campo infinito;um rio largo,uma central
elétrica Erkinia S/A é o nome da usina ou parque industrial. O rio fica mais
largo,passamos por Fayón,um pequeno arrabalde.Um pequeno vale entre
montanhas,uma horta bem tratada,alguns açudes e aguadas.
Vou
ao toilete,que se parece com o dos aviões,limpo,funcional e
impessoal.Circunspectos senhores , empregados da RENFE-rede ferroviaris
espanhola,passam por mim com a postura de lordes ingleses;perfumados,elegantes
nos seus paletós marinhos. Começa uma região de fazendas -Chiprana_outro
vilarejo campestre;Samper de Calanda,tem um pequeno castelo ou monastério,parece
um pequeno "village",adoravel.Depois de km. de planicies áridas e
desgraciosas estamos chegando a Zaragoza, apenas avistei os campos cultivados,passamos distante da
cidade.Uma adoravel igrejinha medieval -La Cartuja- ilumina a paisagem.
Esta
é a Espanha industrializada,repleta de silos,fábricas e barracões.Aviso de
chegada a Zaragoza,bela cidade da região de Aragón.
Chegou
a dona da minha cadeira;muito gentil,não
quis que eu saísse;justo,justissimo;ela deve fazer esta viagem com frequência,eu
não;feliz como pinto no lixo,continuei olhando tudo.
Os
avisos internos do trem são em catalão,espanhol e inglês. Admiro uma fortaleza
em Ricla,no alto de um morro.A TV mostra partes de Madri a ser visitadas e eu
me delicio com as cores do outono,uma luminosidade indescritível;imagino o
cheiro lá fora,aquele adocicado no ar,as folhas caindo,a luz...
Paraciellos,fazendas
e mais fazendas,um castelo em ruinas,no alto ,guardando a cidade.
Passamos
Terrel,agora Atecas,um "poble" de casa feias,Alhama de Aragón,Ariza.
Pôr
do sol no campo,matizes sépia,belas plantações de flores e muito,muito
verde;visões de Matisse,Thoreau,Utrillo...Estamos perto de Madri,uma rodovia
estreita e sem acostamento,corre paralela a nós.Os nomes desfilam
Medinacelli,Torralba.
Uma
visão bíblica,um criatório de carneiros, de repente o chão se cobre de
branco,milhares de patas,os borregos,tão bonitinhos;aqui se come muito
"ternero" e exportam também. Guadalajara,cidade grande,ja deve ser
arredores de Madri. São 18.20hs;daqui a meia hora,chegaremos.Pronto:Estação
Chamartin,exatamente no horario.
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