CONVERSA FIADA: O MAL QUE A CELEBRIDADE NOS FAZ

domingo, 17 de maio de 2020

O MAL QUE A CELEBRIDADE NOS FAZ

APESAR DA FOTO NUMA CAPA DE REVISTA ,NUNCA FUI REALMENTE ,UMA CELEBRIDADE.

GRAÇAS A DEUS

Digamos que o seu vizinho que você sempre considerou uma pessoa séria um dia recebe um convite para ocupar um cargo importante no governo. Ou ,de repente ,ganhou notoriedade porque escreveu um bom livro,teve um papel importante num filme ou fez fama com a música.

O certo é que seu pacato vizinho não é mais um qualquer. Virou celebridade, passou a ser ouvido, cheirado ,consultado convidado para tudo e já nem pode passear em paz com o cachorro sem que um repórter pule na sua frente procurando saber o que ele pensa do desmatamento,ou do aborto,ou das drogas.Enfim fugiu a paz e com ela liberdade de ser quem é.

Ele virou ALGUÉM.

E é ai que mora o perigo.Toda sua vida será vasculhada, desde a geração do seu avô até o que ele come no café da manhã ou as cores das cuecas.

Se for um gordo cargo no governo ele que se prepare.Toda sua vida financeira será vasculhada,seus filhos monitorados,seus vizinhos interrogados,suas noivas,namoradas ou esposas desnudadas.

-Ele preferia frango assado ou canguru perneta? Como se portava na cama?Ele levava jeito de gay?

E,num amanhecer ensolarado você perplexo descobre que aquele seu honrado vizinho que lhe dava os bons dias todas as manhãs era sequestrador,batia na mulher,sustentava uma amante,fumava maconha,devia o IPTU e empréstimos bancários e mamava nas tetas dos governos desde pequenininho.

As multidões têm mil olhos ,várias cabeças como a Hidra de Lerna e muitas línguas para espalhar por ai tudo o que soube do desinfeliz escolhido para mártir.E a malícia e o descrédito uma vez soltos na multidão jamais serão esquecidos.

Volto para meu PC pianinha disposta e escrever minhas mal traçadas e dando graças a Deus que ninguém ainda me descobriu ou convocou ,ou convidou.

Posso tranquilamente errar nas vírgulas, como aliás,sempre faço( porque prefiro o estilo Saramago de escrever sem regras ou acentos) sem ninguém pegar no meu pé.

Ô glória!