quarta-feira, 30 de maio de 2012

PASSEIO SOCRÁTICO, UM TEXTO DE FREI BETTO



Ao  viajar pelo Oriente mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do  Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos e em paz nos seus mantos cor de açafrão.
Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São  Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares,  preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já  haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um  outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir: 'Qual dos dois  modelos produz felicidade?'
Encontrei  Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: 'Não foi à  aula?' Ela respondeu: 'Não, tenho aula à tarde'. Comemorei: 'Que bom, então de  manhã você pode brincar, dormir até mais tarde'. 'Não', retrucou ela, 'tenho tanta coisa de manhã...'. 'Que tanta coisa?', perguntei.. 'Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina', e começou a elencar seu programa de garota robotizada. Fiquei pensando: 'Que pena, a Daniela não disse: 'Tenho aula de  meditação!
'Estamos construindo  super-homens e super-mulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados.
Uma progressista cidade do  interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias!        
Não  tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em  relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: 'Como  estava o defunto?'. 'Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!' Mas como  fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?
Hoje, a  palavra é virtualidade. Tudo é virtual.. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga  íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizi­nho de  prédio ou de quadra! Tudo é virtual. Somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. E somos também eticamente virtuais...
A  palavra hoje é 'entretenimento'. Domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva.  Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela. 
 Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é  o resultado da soma de prazeres: 'Se tomar este refrigerante, calçar este tênis, ­ usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!' 
O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que  acaba­ precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a  neurose.
O grande desafio é começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor..  Aliás, para uma boa saúde mental, três requisitos são indispensáveis: amizades,  auto-estima, ausência de estresse.
Há uma  lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Na Idade Média,  as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shoppings centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingo. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há  mendigos, crianças de rua, sujeira pelas  calçadas...
Entra-se naqueles claustros  ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista.  Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos  de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. 
 Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito,  entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno...  Felizmente, terminam todos na  eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo  hambúrguer do Mc Donald...


Costumo  advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: 'Estou apenas fazendo um passeio socrático. Diante de seus olhares espantados, explico: 'Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro  comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia:´Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz!"











Frei Betto, religioso,escritor e ativista político
*Transcrito da Internet






                                                         DIVULGANDO














                   O BRASIL ESTÁ EM GREVE DE VERGONHA!



ABSURDOS & ABSTRUSOS


Quanto mais eu rezo ,mais assombração me aparece,assim falavam os antigos que não tinham a sabedoria de Zaratrusta, mas,davam seus pitacos.
E, diante de tanta coisa abstrusa que vejo e leio mais me convenço que este mundo não tem jeito.
O termo abstruso, muito pouco usado,significa uma coisa obscura,confusa,difícil de compreender,nebulosa.Já o absurdo,muito mais usado ,tem origem,segundo dizem, no século XIV e vem do Latim absurdus,que significa “desagradável aos ouvidos e,por extensão,difícil de entender.
Ambos os termos são aparentados, procedem do Latim e têm significados  similares,mas,um é mais sociável que o outro,pois,palavras são como pessoas,embora não pareçam.
Mas, toda essa lengalenga absurda  vem de fatos que venho lendo e matutando e que não entram na minha cachola por mais que me esforce por entendê-las.
Acabo de assistir na TV paga uma discussão sobre a Lei Seca entre um advogado e um deputado.
O advogado, contrário  a dita   Lei ,saiu-se com esta pérola:
“-Muitas  vezes,o motorista embriagado não tem como pagar um táxi para voltar para casa quanto mais a fiança de $950”.
Não, vocês não leram errado; esse foi o argumento usado pelo ilustre causídico para condenar a lei!
Não lembra a piada do cidadão que comprou um carro e não tinha dinheiro para pôr gasolina?
Se o sujeito tinha grana para tomar mais de dez cervejas e sair por ai matando inocentes; se tinha como pagar a prestação do carro ,como não podia pagar a multa?
E,para um caso destes,apenas multa?
Ele não deveria ter a carteira cassada tão logo fosse apanhado bêbado, e, se matasse alguém,não deveria  ser condenado a uns trinta  anos   de prisão por homicídio culposo?
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Outro caso difícil de passar pela minha garganta é do ínclito senador Demóstenes.
Pois o homem apareceu ontem no Senado,com uma cara de gato que descobre panela,muito tímido, muito humilde e jurou,claro que nunca sobre a Bíblia ,que não conhecia a vida bandida do Cachoeira; ele conhecia e era" muy amigo" do Senhor Empresário Carlos Ramos,mas,desconhecia totalmente a dupla vida do caro amigo.
Sendo ele do ramo,como poderia desconhecer? Foi Secretário de Segurança ,Procurador e,como  senador até participou da CPI dos bingos onde o dito Cachoeira era indiciado, e, vejam só,o coitado não sabia!?...
E, assuntem bem,esse cara poderá ser inocentado.
-Que país é esse? Pergunta um turista no programa do Jô Soares, “Viva  o Gordo".
- E, logo ,alguns brasileiros tapam a boca do  personagem que leu a notícia.
Que não queiram tapar a minha!
Outro caso difícil de passar pela minha garganta é o do Battisti; não quero entrar no mérito da questão jurídica sobre se ele é culpado ou não,se deveria ser extraditado ou não,já que não conheço o assunto,logo não tenho jurisprudência firmada,como se diz em advogadez.
O que me causou espécie é o fato do italiano ,agora quase cidadão brasileiro .com direito a morar e trabalhar aqui  ,poderá se aposentar daqui a nove anos ,sustentado pelo contribuinte.Isso porque até lá terá completado 65 anos, segundo li na Veja..
Conheço muito de perto uma senhora , cujas empresas onde trabalhou,recolheram religiosamente  o  seu INSS  .exceto a última ,uma empresa fantasma que deixou Salvador devendo a deus e ao mundo e,logicamente,não recolheu a contribuição devida e ,como saiu foragida ,sequer deu baixa na carteira dela.
Pacientemente , a senhora começou a pagar o carnê como autônoma; quando chegou aos 60 anos deu entrada na aposentadoria, que lhe foi negada duas vezes porque a empresa de fachada não tinha pago nem dado baixa na carteira.
Hoje, aos 70 anos e vivendo ao deus-dará, morre de inveja do Battisti.
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O terceiro caso seria cômico se não fosse trágico.
Um grupo de rabinos  condenou á morte  por apedrejamento,  um cão ,  pois, acreditou  estar o cachorro possuído por um espírito de um advogado morto que tinha  querelado em vida com o Tribunal.
Mas,o cachorro foi mais esperto,fugiu e escapou ao suplício.
Agora,me digam se é possível tais coisas acontecerem em pleno século XXI , entre povos que se dizem civilizados, numa etnia que gerou Nietsche e Einstein.
E, para o genocídio  palestino,nada???
Reflitam ,meus caros leitores, depois de tudo que vocês leram --coisas que vão do absurdo ao abstruso-,não dá vontade de ser abdusido?
                                                                         ‘Té mais


            CANTINHO DO HUMOR




valeu,mas,ninguém entende mesmo...