terça-feira, 29 de agosto de 2017

TEMPOS DE TERROR



                                                            O ZAP NOS ANOS 70



TEMPOS DE TERROR
O terrível atentado de ontem,em Barcelona,mexeu muito comigo porque amo essa cidade.Muitas vezes estive lá  ,ali mesmo ,nas Ramblas,aluguei um flat nos anos 90 ,bem em frente ao Teatro,porque,muita coisa importante  se situa ali.
Saindo da Praça da Catalunha e atravessando a Rambla chega-se perto da orla de onde saem as  barcas    e fazemos um belo passeio marítimo  e ainda podemos visitar o Museu  do Mar,e até subir num barco típico do sec.XVI ,ainda cheio de provisões como ES estivesse prestes a sair mar a fora.
Sentar nas cadeiras da  calçada  e ver o mundo passar,isto é a Rambla.Indianos,chineses,dinamarqueses,afegãos,americanos,árabes ,enfim ,o mundo colorido e feliz gozando o verão espanhol.Ali conheci o Antonio Banderas hospedado ,com a esposa,num hotel perto do meu.Os tourist bus percorrem as duas pistas num sobe e desce infinito sempre lotados de visitantes e suas câmeras  maravilhosas.
Tento imaginar um atentado ali ,num espaço cheio de gente,idosos,crianças e mães despreocupadas.Meu Deus,quanta maldade gratuita,quanto desespero  ao ver a morte chegar do nada,gratuita e dolorosa ,ceifando vidas preciosas. O nome de todos esses horrores que temos assistido  é intolerância religiosa,uma praga que vem de séculos e parece nunca acabar.

Tremo ao pensar em coisas ainda piores  como um atentado no Parc Güell,ou na Sagrada Família ,ou nas casas Milá e Batlló , Tibidado ou o Museu Picasso, bem como o Corte Inglés,que eu visitava sempre ali pertinho,ou mesmo  o Centro Histórico .As estátuas de Miró espalhadas pelas ruas. Que Deus proteja os catalães,povo orgulhoso,indobrável,consciente do seu poder  e sempre buscando a independência  com a certeza de ser a locomotiva da Espanha  ,o motor econômico deste país.O catalão conserva sua língua,seus costumes,preserva seu modus vivendi  ,sabe viver,amar e sonhar ,embalado pelos seus poetas e escritores que honram o mundo.




                                                                   RECUERDOS

VIAGEM À ESPANHA!
DE BARCELONA A MADRI



Cansada da senmgracice das viagens aéreas,rápidas,mas,insossas,decidi ir da trem de Barcelona á Madri. Saímos da Estación di Sanctis, num trem confortável, limpo e com cabinas climatizadas;era começo de outubro e o frio já se fazia presente. Passamos por subúrbios ferroviários, que nem de longe se parecem com os daqui,tão feios e tão sujos;belas casas,jardins,um certo quê de opulência; na Europa é chique morar nos subúrbios. O trem corria,célere,"a la orilla del mar". Passamos pela bela cidade de Tarragona,onde eu ja havia estado,de navio. Está um radioso dia de sol e já alcançamos Torredembarda, lindo burgo com um castelo medieval;pena que não pude saber nada da sua história,eu que sou vidrada em historia antiga.Um rapaz passou empurrando um carrinho cheio de gulodices, água e refrigerantes;vai e vem com seu carrinho,prá lá e prá cá,num balé monótono.
 Mudei de janela,escolhi uma panorâmica,a 38-39;tinha direito;afinal,é minha primeira viagem de trem,na Europa,e aqui não temos disto; nunca entendi como um país continental,como o nosso, pode prescindir do transporte ferroviário.
Meu vagão está semi  vazio As poltronas são anatômicas,ponho minha valise de mão no chão e meus pés sobre ela.
A viagem transcorre como um belo sonho ;não há barulhos,nem fumantes,tudo perfeito.
Estamos eu Lliure,avisto uma praia bem bonita,deve ficar lotada,no verão.
Casas ricas,brancas,mediterrâneas.Muita quietude e paz;deve ser um lugar bom para viver;
O trem para na estação, torço para que não entre ninguém para me expulsar do "meu"banco;entra uma "señorita",mas,senta no banco ao lado.
Conversamos, ela conta que é de Tarragona,mas,não gosta de cidades grandes,vai trocar por uma menor.
De repente ,uma música envolve a cabine,com alegres acordes-Contos dos Bosques de Viena-meu coração se aquece.
O trem só demora 5 minutinhos e "se marcha"Vem um funcionário com auriculares para os passageiros  ouvir  um filme que passa na TV á minha frente.
A voz, no autofalante anuncia o inicio do serviço de bordo;passará um funcionário para anotar os pedidos.
Chegamos a Reins exatamente ás 13.05 hs.é uma região agrícola,muitos silos para armazenar grãos;Pequeno burgo encravado nas rochas,uma pequena estação;avisto as torres dos campanários,ao fundo;recordo a música de Calheiros,que tanto ouvi na minha infância:"no alto dum campanário,uma cruz simboliza o passado..."Não sei como essas coisas vêm parar ás nossas cabeças.Percebi muitos túneis,entra em um para sair em outro...Boas rodovias,bem sinalizadas,paralelas á via férrea.
Paradel de la Texeta,plenos campos espanhois.Vejo um rio,com praias,qual será? O Ebro,talvez...Outra cidadezinha campesina,um ar bem antigo;linda de doer! Um pontilhão,sobre um belo rio,região de serras baixas e escarpadas.O rio nos acompanha,ferrovia,rio,estrada.
O balanço do trem começa a me dar sono;epa!uma cidade grande,qual será?a falta que um mapa faz!Vejo um monjolo,num campo infinito;um rio largo,uma central elétrica Erkinia S/A é o nome da usina ou parque industrial. O rio fica mais largo,passamos por Fayón,um pequeno arrabalde.Um pequeno vale entre montanhas,uma horta bem tratada,alguns açudes e aguadas.
Vou ao toilete,que se parece com o dos aviões,limpo,funcional e impessoal.Circunspectos senhores , empregados da RENFE-rede ferroviaris espanhola,passam por mim com a postura de lordes ingleses;perfumados,elegantes nos seus paletós marinhos. Começa uma região de fazendas -Chiprana_outro vilarejo campestre;Samper de Calanda,tem um pequeno castelo ou monastério,parece um pequeno "village",adoravel.Depois de km. de planicies áridas e desgraciosas estamos chegando a Zaragoza, apenas avistei   os campos cultivados,passamos distante da cidade.Uma adoravel igrejinha medieval -La Cartuja- ilumina a paisagem.
Esta é a Espanha industrializada,repleta de silos,fábricas e barracões.Aviso de chegada a Zaragoza,bela cidade da região de Aragón.
Chegou a  dona da minha cadeira;muito gentil,não quis que eu saísse;justo,justissimo;ela deve fazer esta viagem com frequência,eu não;feliz como pinto no lixo,continuei olhando tudo.
Os avisos internos do trem são em catalão,espanhol e inglês. Admiro uma fortaleza em Ricla,no alto de um morro.A TV mostra partes de Madri a ser visitadas e eu me delicio com as cores do outono,uma luminosidade indescritível;imagino o cheiro lá fora,aquele adocicado no ar,as folhas caindo,a luz...
Paraciellos,fazendas e mais fazendas,um castelo em ruinas,no alto ,guardando a cidade.
Passamos Terrel,agora Atecas,um "poble" de casa feias,Alhama de Aragón,Ariza.
Pôr do sol no campo,matizes sépia,belas plantações de flores e muito,muito verde;visões de Matisse,Thoreau,Utrillo...Estamos perto de Madri,uma rodovia estreita e sem acostamento,corre paralela a nós.Os nomes desfilam Medinacelli,Torralba.
Uma visão bíblica,um criatório de carneiros, de repente o chão se cobre de branco,milhares de patas,os borregos,tão bonitinhos;aqui se come muito "ternero" e exportam também. Guadalajara,cidade grande,ja deve ser arredores de Madri. São 18.20hs;daqui a meia hora,chegaremos.Pronto:Estação Chamartin,exatamente no horario.

Adorei a viagem que recomendo a quem não tem pressa de chegar,Belas paisagens de Espanha,que nunca veremos de dentro de um avião e nunca saberemos o quanto perdemos.Olé!!!! 


                              ZARAGOZA

                                TORRALBA


Miriam de Sales é escritora e editora. Adoooora viagens