quarta-feira, 24 de agosto de 2011

POLÍTICO MINEIRO



-Boa tarde,gostaria de falar com D. Nancy.
-Um momento,por favor.Nancy,telefone pra você...
-Alô,Nancy falando.Quem quer falar comigo?
-Olá,senhorita.Permita que eu me apresente.Meu nome é Juca Siqueira e sou deputado por Minas Gerais.Gostaria muito de vê-la.Poderia passar na sua casa – digamos – ás 20hs?se não for incômodo...
Nancy,uma bela morena  carioca,percebeu logo que o cavalheiro do outro lado da linha era fino e educado.Respondeu:
-Pode sim,estou livre.
O homem chegou exatamente ás 8 e não decepcionou a garota.Era um cinquentão  muito elegante,bastos cabelos embranquecidos e um broche do Rotary na lapela do terno bem cortado.
Depois de instado a entrar e sentar,provou o uísque  servido num copo de cristal que Nancy  ofereceu  cheia de cerimônia.
_Quem comentou sobre mim com o senhor?
-Desculpa,prefiro não falar o nome do amigo.E,com um risinho acanhado:-Ele não gostaria.Só me assegurou que você era a melhor,mais fina e elegante companhia das noites cariocas.
-Ora,que é isso! Desta vez a acanhada era Nancy.Só faço o meu melhor.
Ele piscou  o olho:
-Prefiro  discutir isso amanhã.
-Ora,se você prefere assim...
-Posso passar ás 10 para apanhá-la?Tenho que dar um pulinho no hotel.
Pontualmente ás  10,Juca tocou a campainha do apartamento,empunhando um buquê de rosas vermelhas.Achou que era um desperdício comprar essas flores já que a garota tinha estipulado o preço com antecedência: três mil reais.Disse e ficou esperando a pechincha que todos faziam até ela tirar 500 ou até mil se o cara fosse jovem e bonito.Mas,isso não aconteceu;ele morreu nos três mil sem tugir ,nem mugir.Deputado é assim mesmo,vive ganhando propinas,dinheiro para ele não era nada.
-Nossa,você está linda!O assombro dele era real.
Ela deu uma volta exibindo o excitante vestido de cetim preto muito justo,mas,sem vulgaridade,cheio de transparências e recortes sensuais.
As rosas,antes lamentadas pelo custo,deixou a moça visivelmente feliz.Não se lembrava de ter recebido flores em toda sua vida,desde que tinha doze anos e saíra daquela casinha na Pavuna para ganhar o mundo.
-Para mim??? Oh,muito obrigada.
Jantaram num restaurante chic e depois foram dançar numa  boite da moda.Juca era um gentleman; abria as portas do carro,puxava as cadeiras,levantava-se quando ela ia ao toalete,acendia seu cigarro,tudo sem exagero,com a naturalidade de um nobre.
Nancy estava tão enlevada que até se arrependeu de ter cobrado;mas,ele devia saber,o amigo deveria ter lhe avisado que o tempo (e o resto) de Nancy era para poucos.
Juca a deixou em casa de madrugada ,não sem antes colocar as trinta  notas de cem na sua bolsa.
Claro que entre a casa e a boite teve um motel,mas,eu precisava mesmo falar disto?
-Minha linda,amanhã você vai estar livre?
-Sim,você vai estar aqui?
-Sim,durante todo o fim de semana.E,carinhoso:-Quero você todinha para mim!Pode ser?
-Claro!...

Nancy estava de queixo caído;isso nunca lhe acontecera antes.Acompanhante de executivos ,ela nunca encontrara uma pessoa assim educada,fina e perdulária.Ficou apreensiva,será que poderia se apaixonar? Não tinha lógica,na sua profissão isso era a morte!
-Então está combinado. Cinco dias,certo?Posso lhe pegar ás duas para almoçar?
Almoçaram na Barra da Tijuca e depois foram passear na floresta, Nancy,longe da vovozinha e colada com o lobo,mas,quem pensaria na estória de Chapeuzinho,numa hora daquelas!?
Nancy estava nas nuvens; esse tratamento de rainha e quinze mil reais de faturamento.Era demais!
Nem vou descrever os cinco dias repetitivos:almoço,jantar,boite,motel onde Juca se revelava.Que homem!
Era a última noite e Nancy estava triste.
-Então,você viaja mesmo amanhã?
-Viajo,vou para Minas e depois para Brasília.E,contrito:-O dever me chama!
-Que pena!
-Olha,garota,eu é que lamento.
Juca ,como sempre fazia,colocou as notas na mão de Nancy.
Beijou uma garota quase chorosa e foi embora.
Nancy acordou tarde e triste naquela manhã.
Quando estava sentada tomando seu desjejum a campanhinha tocou.Sobressaltada e alegre Nancy pensou:-É ele!Quem tocaria na sua porta tão cedo!
Era o porteiro com um bilhete.
Nancy abriu ao envelope e leu?
-Menina,quem me indicou você foi o meu assistente,o Rogerinho;ele me pediu para lhe entregar quinze mil reais da compra de uma fazendinha que ele fez da sua família,mais exatamente do seu irmão,bancário aqui em Belzonte. Obrigada por esses dia (e noites) maravilhosos.
Sentada no chão Nancy chorou pitangas!









domingo, 14 de agosto de 2011

HOMENAGEM AOS PAIS

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PARA TODOS OS MEUS AMIGOS,LEITORES E SEGUIDORES E SUAS FAMÍLIAS MARAVILHOSAS!










                           AS FALAS DO CORAÇÃO
PAI,
hoje vim aqui para conversar contigo,não porque o calendário comercial determinou que ,hoje,seja o dia dos pais,mas,porque me dei conta,neste    calmo domingo de sol,o quanto você me faz falta.
Não se passa um dia que não lembre de suas palavras e da sua filosofia;dos valores que passou prá mim,da sua honestidade e do seu afeto.Claro que neste pacote está também o avô magnífico que você foi,sempre disposto a sacrifício pelos” petelecos,”como você ,carinhosamente os chamava;lembro-me,como eu gostava de lhe esperar na janela,naquela pequena Miguel Calmon,cidade da sua paixão,quando você vinha do trabalho,com seu terno de linho branco e chapéu panamá;pai,você era o homem mais lindo do mundo!
Ainda lhe vejo em mim,nos olhos claros,na inquietação,na vontade enorme de saber,no gosto pela leitura,no coração de manteiga,que me faz chorar até com noticias de TV,solidaria com pessoas que nunca conheci.
Aos dezoito anos comecei a me estranhar consigo,lembra?Eu queria casar,você queria que eu me formasse primeiro,dizia:-o verdadeiro marido de uma mulher é seu diploma -você sabia das coisas,eu não-;me formei aos trancos e barrancos,um olho no altar outro no canudo,mas,graças a você levei até o fim.
Que teria sido de mim sem uma profissão,quando tive que deixar um marido,digamos,inadequado!?E você me apoiou,ao contrario de minha mãe,preocupada com as convenções sociais,com” o que a família iria dizer”,eu-a primeira divorciada do clã,desde que Eva  comeu a maçã;você não se importou muito com os disse-me-disse e nem com o fato de eu ser,não a ovelha-negra,mas,pelo menos,a ovelha cinza-chumbo;você não precisou dizer nada para eu aprender a seguir em frente com meus valores e crenças,apesar do que os outros pensavam.
Nos meus trinta anos,outra dissidência,mais séria,sobre filhos,trabalho,maneira de viver;nesta altura eu lhe achava um velho bobo chato;eu o ouvia pouco e a gente vivia naquela de guerra fria;quantas vezes eu o odiei e você deve ter me odiado.
Vivemos essa relação de amor/ódio por muito tempo,até meus cinqüenta anos,quando,de novo,você subiu ao pódio;já bem velhinho,atacado pela esclerose,as marcas sangrentas que a vida lhe deixou,cicatrizes d’alma.O meu respeito por você,o meu amor,a minha compaixão por tudo que lhe aconteceu,e,principalmente,a forma traumática da sua partida,fez-me ver que,durante muitos anos eu convivi com um deus e não soube apreciá-lo,devidamente.
Mas,hoje,aqui,voltamos a conversar como grandes amigos;repousando no solo sagrado para você,as terras de seus ancestrais,diante do seu lugar de repouso para onde eu o levei depois que você passou para um mundo melhor,eu  disse:PAI,estou aqui para apresentar sua família;seus netos,seus bisnetos e até Natalia,sua tataraneta,que também herdou seus olhos claros e sua independência;ela já abre seus caminhos no mundo,sozinha,como você nos ensinou.
PAI,nós vencemos!Estamos todos unidos,debaixo das suas asas protetoras e,te vejo dizer baixinho,com seus botões-é,combati um bom combate;Estou satisfeito.Dizem os espíritas que nos reencarnamos,voltamos a encontrar nossos antepassados;apesar de um pouco descrente,torço para que seja verdade.
 PAI,quero ser tua filha,novamente.




AGRADECIDO PELA HOMENAGEM COMO PAI,AMADA.UM GRANDE ABRAÇO E QUE EM SUA CASA A FESTA SEJA GRANDIOSA COMO A QUE ESTAMOS FAZENDO.BEIJOS.SAUDADES.
Cézar Ubaldo,professor e escritor