DALTON TREVISAN,UM ESCRITOR SILENCIOSO
Avesso a publicidade,não aparece em público nem para receber prêmios.Nem por isso deixa de ser um dos maiores contistas brasileiros.
Nascido em 14 de junho de 1925, o curitibano Dalton Jérson Trevisan sempre foi enigmático. Antes de
chegar ao grande público, quando ainda era estudante de Direito, costumava
lançar seus contos em modestíssimos folhetos. Em 1945 estreou-se com um livro
de qualidade incomum, Sonata ao Luar, e, no ano seguinte, publicou Sete
Anos de Pastor. Dalton
renega os dois. Declara não possuir um exemplar sequer dos livros e
"felizmente já esqueci aquela barbaridade".
Entre 1946 e 1948, editou a revista Joaquim, "uma homenagem a
todos os Joaquins do Brasil". A publicação tornou-se porta-voz de uma
geração de escritores, críticos e poetas nacionais. Reunia ensaios assinados
por Antonio Cândido, Mario de Andrade e Otto Maria Carpeaux e poemas até então
inéditos, como O caso do
vestido, de Carlos Drummond de Andrade. Além disso, trazia traduções
originais de Joyce, Proust, Kafka, Sartre e Gide e era ilustrada por artistas
como Poty, Di Cavalcanti e Heitor dos Prazeres.
Já nessa época, Trevisan era avesso a fotografias e jamais dava
entrevistas. Em 1959, lançou o livro Novelas
Nada Exemplares - que reunia
uma produção de duas décadas e recebeu o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do
Livro - e conquistou o grande público. Acresce informar que o escritor, arisco,
águia, esquivo, não foi buscar o prêmio, enviando representante. Escreveu,
entre outros, Cemitério de elefantes, também ganhador do Jabuti e do
Prêmio Fernando Chinaglia, da União Brasileira dos Escritores, Noites de Amor em Granada e Morte
na praça, que recebeu o Prêmio Luís Cláudio de Sousa, do Pen Club do
Brasil. Guerra conjugal,
um de seus livros, foi transformado em filme em 1975. Suas obras foram
traduzidas para diversos idiomas: espanhol, inglês, alemão, italiano, polonês e
sueco.
Dedicando-se exclusivamente ao conto (só teve um romance
publicado: "A Polaquinha"), Dalton Trevisan acabou se tornando o maior mestre
brasileiro no gênero. Em 1996, recebeu o Prêmio Ministério da Cultura de
Literatura pelo conjunto de sua obra. Mas Trevisan continua recusando a fama. Cria uma
atmosfera de suspense em torno de seu nome que o transforma num enigmático
personagem. Não cede o número do telefone, assina apenas "D. Trevis"
e não recebe visitas — nem mesmo de artistas consagrados. Enclausura-se em casa
de tal forma que mereceu o apelido de O Vampiro de Curitiba, título
de um de seus livros.
"O "Nélsinho" dos contos originalíssimos e
antológicos, é considerado desde há muito "o maior contista moderno
do Brasil por três quartos da melhor crítica atuante". Incorrigível
arredio, há bem mais de 35 anos, com com um prestígio incomum nas maiores
capitais do País. Trabalhador incansável, fidelíssimo ao conto, elabora
até a exaustão e a economia mais absoluta, formiguinha, chuvinha renitente e
criadeira, a ponto de chegar ao tamanho do haicai, Dalton Trevisan insiste
ontem, hoje, em Curitiba e trabalhando sobre as gentes curitibanas
("curitibocas", vergasta-as com chibata impiedosa) e prossegue, com
independência solene e temperamento singular, na construção e dissecação da
supra-realidade de luas, crianças, amantes, velhos, cachorros e vampiros. E
polaquinhas, deveras."
Em 2003, divide com Bernardo Carvalho o maior prêmio literário do
país — o 1º Prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira — com o
livro "Pico na Veia".
Livros Publicados:
- Abismo de Rosas
- Ah, É?
- A Faca No Coração
- A Guerra Conjugal
- A Polaquinha
- Arara Bêbada
- A Trombeta do Anjo Vingador
- Capitu Sou Eu
- Cemitério de Elefantes
- 111 Ais
- Chorinho Brejeiro
- Contos Eróticos
- Crimes de Paixão
- Desastres do Amor
- Dinorá - Novos Mistérios
- 234
- Em Busca de Curitiba Perdida
- Essas Malditas Mulheres
- Gente Em Conflito (com Antônio de Alcântara Machado)
- Lincha Tarado
- Meu Querido Assassino
- Morte na Praça
- Mistérios de Curitiba
- Noites de Amor em Granada
- Novelas nada Exemplares
- 99 Corruíras Nanicas
- O Grande Deflorador
- O Pássaro de Cinco Asas
- O Rei da Terra
- O Vampiro de Curitiba
- Pão e Sangue
- Pico na veia
- Primeiro Livro de Contos
- Quem tem medo de vampiro?
- 77Ais
- Vinte Contos Menores
- Virgem Louca, Loucos Beijos
- Vozes do Retrato - Quinze Histórias de Mentiras e Verdades
- Macho não ganha flor
http://www.releituras.com/daltontrevisan_bio.asp
LUA ADVERSA
Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.
Fases que vão e vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...
Filha de Carlos Alberto de Carvalho Meireles, funcionário do Banco do Brasil S.A., e de D. Matilde Benevides Meireles, professora municipal, CecíliaBenevides de Carvalho Meireles nasceu em 7 de novembro de 1901, na Tijuca, Rio de Janeiro. Foi a única sobrevivente dos quatros filhos do casal. O pai faleceu três meses antes do seu nascimento, e sua mãe quando ainda não tinha três anos. Criou-a, a partir de então, sua avó D. Jacinta Garcia Benevides. Escreveria mais tarde:
"Nasci aqui mesmo no Rio de Janeiro, três meses depois da morte de meu pai, e perdi minha mãe antes dos três anos. Essas e outras mortes ocorridas na família acarretaram muitos contratempos materiais, mas, ao mesmo tempo, me deram, desde pequenina, uma tal intimidade com a Morte que docemente aprendi essas relações entre o Efêmero e o Eterno.
(...) Em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar nem me espantei por perder. A noção ou o sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo da minha personalidade.
(...) Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar. Mais tarde foi nessa área que os livros se abriram, e deixaram sair suas realidades e seus sonhos, em combinação tão harmoniosa que até hoje não compreendo como se possa estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida, unidos como os fios de um pano."
"Nasci aqui mesmo no Rio de Janeiro, três meses depois da morte de meu pai, e perdi minha mãe antes dos três anos. Essas e outras mortes ocorridas na família acarretaram muitos contratempos materiais, mas, ao mesmo tempo, me deram, desde pequenina, uma tal intimidade com a Morte que docemente aprendi essas relações entre o Efêmero e o Eterno.
(...) Em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar nem me espantei por perder. A noção ou o sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo da minha personalidade.
(...) Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar. Mais tarde foi nessa área que os livros se abriram, e deixaram sair suas realidades e seus sonhos, em combinação tão harmoniosa que até hoje não compreendo como se possa estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida, unidos como os fios de um pano."
Conclui seus primeiros estudos — curso primário — em 1910, na Escola Estácio de Sá, ocasião em que recebe de Olavo Bilac, Inspetor Escolar do Rio de Janeiro, medalha de ouro por ter feito todo o curso com "distinção e louvor". Diplomando-se no Curso Normal do Instituto de Educação do Rio de Janeiro, em 1917, passa a exercer o magistério primário em escolas oficiais do antigo Distrito Federal.
Dois anos depois, em 1919, publica seu primeiro livro de poesias, "Espectro". Seguiram-se "Nunca mais... e Poema dos Poemas", em 1923, e "Baladas para El-Rei, em 1925.
Casa-se, em 1922, com o pintor português Fernando Correia Dias, com quem tem três filhas: Maria Elvira, Maria Mathilde e Maria Fernanda, esta última artista teatral consagrada. Suas filhas lhe dão cinco netos.
Publica, em Lisboa - Portugal, o ensaio "O Espírito Vitorioso", uma apologia do Simbolismo.
Correia Dias suicida-se em 1935. Cecília casa-se, em 1940, com o professor e engenheiro agrônomo Heitor Vinícius da Silveira Grilo.
De 1930 a 1931, mantém no Diário de Notícias uma página diária sobre problemas de educação.
Dois anos depois, em 1919, publica seu primeiro livro de poesias, "Espectro". Seguiram-se "Nunca mais... e Poema dos Poemas", em 1923, e "Baladas para El-Rei, em 1925.
Casa-se, em 1922, com o pintor português Fernando Correia Dias, com quem tem três filhas: Maria Elvira, Maria Mathilde e Maria Fernanda, esta última artista teatral consagrada. Suas filhas lhe dão cinco netos.
Publica, em Lisboa - Portugal, o ensaio "O Espírito Vitorioso", uma apologia do Simbolismo.
Correia Dias suicida-se em 1935. Cecília casa-se, em 1940, com o professor e engenheiro agrônomo Heitor Vinícius da Silveira Grilo.
De 1930 a 1931, mantém no Diário de Notícias uma página diária sobre problemas de educação.
Em 1934, organiza a primeira biblioteca infantil do Rio de Janeiro, ao dirigir o Centro Infantil, que funcionou durante quatro anos no antigo Pavilhão Mourisco, no bairro de Botafogo.
Profere, em Lisboa e Coimbra - Portugal, conferências sobre Literatura Brasileira.
De 1935 a 1938, leciona Literatura Luso-Brasileira e de Técnica e Crítica Literária, na Universidade do Distrito Federal (hoje UFRJ).
Publica, em Lisboa - Portugal, o ensaio "Batuque, Samba e Macumba", com ilustrações de sua autoria.
Colabora ainda ativamente, de 1936 a 1938, no jornal A Manhã e na revistaObservador Econômico.
A concessão do Prêmio de Poesia Olavo Bilac, pela Academia Brasileira de Letras, ao seu livro Viagem, em 1939, resultou de animados debates, que tornaram manifesta a alta qualidade de sua poesia.
Publica, em 1939/1940, em Lisboa - Portugal, em capítulos, "Olhinhos de Gato" na revista "Ocidente".
Em 1940, leciona Literatura e Cultura Brasileira na Universidade do Texas (USA).
Em 1942, torna-se sócia honorária do Real Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro (RJ).
Aposenta-se em 1951 como diretora de escola, porém continua a trabalhar, como produtora e redatora de programas culturais, na Rádio Ministério da Educação, no Rio de Janeiro (RJ).
Em 1952, torna-se Oficial da Ordem de Mérito do Chile, honraria concedida pelo país vizinho.
Realiza numerosas viagens aos Estados Unidos, à Europa, à Ásia e à África, fazendo conferências, em diferentes países, sobre Literatura, Educação e Folclore, em cujos estudos se especializou.
Torna-se sócia honorária do Instituto Vasco da Gama, em Goa, Índia, em 1953.
Em Délhi, Índia, no ano de 1953, é agraciada com o título de Doutora Honoris Causa da Universidade de Délhi.
Recebe o Prêmio de Tradução/Teatro, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte, em 1962.
No ano seguinte, ganha o Prêmio Jabuti de Tradução de Obra Literária, pelo livro "Poemas de Israel", concedido pela Câmara Brasileira do Livro.
Seu nome é dado à Escola Municipal de Primeiro Grau, no bairro de Cangaíba, São Paulo (SP), em 1963.
Falece no Rio de Janeiro a 9 de novembro de 1964, sendo-lhe prestadas grandes homenagens públicas. Seu corpo é velado no Ministério da Educação e Cultura. Recebe, ainda em 1964, o Prêmio Jabuti de Poesia, pelo livro "Solombra", concedido pela Câmara Brasileira do Livro.
Ainda em 1964, é inaugurada a Biblioteca Cecília Meireles em Valparaiso, Chile.
Em 1965, é agraciada com o Prêmio Machado de Assis, pelo conjunto de sua obra, concedido pela Academia Brasileira de Letras. O Governo do então Estado da Guanabara denomina Sala Cecília Meireles o grande salão de concertos e conferências do Largo da Lapa, na cidade do Rio de Janeiro. Em São Paulo (SP), torna-se nome de rua no Jardim Japão.
Em 1974, seu nome é dado a uma Escola Municipal de Educação Infantil, no Jardim Nove de Julho, bairro de São Mateus, em São Paulo (SP).
Uma cédula de cem cruzados novos, com a efígie de Cecília Meireles, é lançada pelo Banco Central do Brasil, no Rio de Janeiro (RJ), em 1989.
Em 1991, o nome da escritora é dado à Biblioteca Infanto-Juvenil no bairro Alto da Lapa, em São Paulo (SP).
O governo federal, por decreto, instituiu o ano de 2001 como "O Ano da Literatura Brasileira", em comemoração ao sesquicentenário de nascimento do escritor Silvio Romero e ao centenário de nascimento de Cecília Meireles, Murilo Mendes e José Lins do Rego.
Há uma rua com o seu nome em São Domingos de Benfica, uma freguesia da cidade de Lisboa. Na cidade de Ponta Delgada, capital do arquipélago dos Açores, há uma avenida com o nome da escritora, que era neta de açorianos.
Traduziu peças teatrais de Federico Garcia Lorca, Rabindranath Tagore, Rainer Rilke e Virginia Wolf.
Sua poesia, traduzida para o espanhol, francês, italiano, inglês, alemão, húngaro, hindu e urdu, e musicada por Alceu Bocchino, Luis Cosme, Letícia Figueiredo, Ênio Freitas, Camargo Guarnieri, Francisco Mingnone, Lamartine Babo, Bacharat, Norman Frazer, Ernest Widma e Fagner, foi assim julgada pelo crítico Paulo Rónai:
"Considero o lirismo de Cecília Meireles o mais elevado da moderna poesia de língua portuguesa. Nenhum outro poeta iguala o seu desprendimento, a sua fluidez, o seu poder transfigurador, a sua simplicidade e seu preciosismo, porque Cecília, só ela, se acerca da nossa poesia primitiva e do nosso lirismo espontâneo...A poesia de Cecília Meireles é uma das mais puras, belas e válidas manifestações da literatura contemporânea.
Profere, em Lisboa e Coimbra - Portugal, conferências sobre Literatura Brasileira.
De 1935 a 1938, leciona Literatura Luso-Brasileira e de Técnica e Crítica Literária, na Universidade do Distrito Federal (hoje UFRJ).
Publica, em Lisboa - Portugal, o ensaio "Batuque, Samba e Macumba", com ilustrações de sua autoria.
Colabora ainda ativamente, de 1936 a 1938, no jornal A Manhã e na revistaObservador Econômico.
A concessão do Prêmio de Poesia Olavo Bilac, pela Academia Brasileira de Letras, ao seu livro Viagem, em 1939, resultou de animados debates, que tornaram manifesta a alta qualidade de sua poesia.
Publica, em 1939/1940, em Lisboa - Portugal, em capítulos, "Olhinhos de Gato" na revista "Ocidente".
Em 1940, leciona Literatura e Cultura Brasileira na Universidade do Texas (USA).
Em 1942, torna-se sócia honorária do Real Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro (RJ).
Aposenta-se em 1951 como diretora de escola, porém continua a trabalhar, como produtora e redatora de programas culturais, na Rádio Ministério da Educação, no Rio de Janeiro (RJ).
Em 1952, torna-se Oficial da Ordem de Mérito do Chile, honraria concedida pelo país vizinho.
Realiza numerosas viagens aos Estados Unidos, à Europa, à Ásia e à África, fazendo conferências, em diferentes países, sobre Literatura, Educação e Folclore, em cujos estudos se especializou.
Torna-se sócia honorária do Instituto Vasco da Gama, em Goa, Índia, em 1953.
Em Délhi, Índia, no ano de 1953, é agraciada com o título de Doutora Honoris Causa da Universidade de Délhi.
Recebe o Prêmio de Tradução/Teatro, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte, em 1962.
No ano seguinte, ganha o Prêmio Jabuti de Tradução de Obra Literária, pelo livro "Poemas de Israel", concedido pela Câmara Brasileira do Livro.
Seu nome é dado à Escola Municipal de Primeiro Grau, no bairro de Cangaíba, São Paulo (SP), em 1963.
Falece no Rio de Janeiro a 9 de novembro de 1964, sendo-lhe prestadas grandes homenagens públicas. Seu corpo é velado no Ministério da Educação e Cultura. Recebe, ainda em 1964, o Prêmio Jabuti de Poesia, pelo livro "Solombra", concedido pela Câmara Brasileira do Livro.
Ainda em 1964, é inaugurada a Biblioteca Cecília Meireles em Valparaiso, Chile.
Em 1965, é agraciada com o Prêmio Machado de Assis, pelo conjunto de sua obra, concedido pela Academia Brasileira de Letras. O Governo do então Estado da Guanabara denomina Sala Cecília Meireles o grande salão de concertos e conferências do Largo da Lapa, na cidade do Rio de Janeiro. Em São Paulo (SP), torna-se nome de rua no Jardim Japão.
Em 1974, seu nome é dado a uma Escola Municipal de Educação Infantil, no Jardim Nove de Julho, bairro de São Mateus, em São Paulo (SP).
Uma cédula de cem cruzados novos, com a efígie de Cecília Meireles, é lançada pelo Banco Central do Brasil, no Rio de Janeiro (RJ), em 1989.
Em 1991, o nome da escritora é dado à Biblioteca Infanto-Juvenil no bairro Alto da Lapa, em São Paulo (SP).
O governo federal, por decreto, instituiu o ano de 2001 como "O Ano da Literatura Brasileira", em comemoração ao sesquicentenário de nascimento do escritor Silvio Romero e ao centenário de nascimento de Cecília Meireles, Murilo Mendes e José Lins do Rego.
Há uma rua com o seu nome em São Domingos de Benfica, uma freguesia da cidade de Lisboa. Na cidade de Ponta Delgada, capital do arquipélago dos Açores, há uma avenida com o nome da escritora, que era neta de açorianos.
Traduziu peças teatrais de Federico Garcia Lorca, Rabindranath Tagore, Rainer Rilke e Virginia Wolf.
Sua poesia, traduzida para o espanhol, francês, italiano, inglês, alemão, húngaro, hindu e urdu, e musicada por Alceu Bocchino, Luis Cosme, Letícia Figueiredo, Ênio Freitas, Camargo Guarnieri, Francisco Mingnone, Lamartine Babo, Bacharat, Norman Frazer, Ernest Widma e Fagner, foi assim julgada pelo crítico Paulo Rónai:
"Considero o lirismo de Cecília Meireles o mais elevado da moderna poesia de língua portuguesa. Nenhum outro poeta iguala o seu desprendimento, a sua fluidez, o seu poder transfigurador, a sua simplicidade e seu preciosismo, porque Cecília, só ela, se acerca da nossa poesia primitiva e do nosso lirismo espontâneo...A poesia de Cecília Meireles é uma das mais puras, belas e válidas manifestações da literatura contemporânea.
Fonte: Releituras
UM TEXTO DO VELHO GRAÇA
UM
ANTEPASSADO
O
velhinho apeou, entregou o cavalo a um moleque, subiu os degraus do copiar,
avizinhou-se do banco onde me distraía olhando, na preguiça e no calor, as
cercas do curral, a serra distante, as árvores torradas, os xique-xiques e os
mandacarus que manchavam de salpicos verdes a campina amarela.
-
É você o meu bisneto?
Ergui-me,
atentei no corpo musculoso e aprumado, na boca enérgica, no rosto liso e
vermelho, rosto de criança.
-
Talvez seja. Cheguei ontem e não conheço ninguém por estes arredores. Tenho um
bisavô no outro lado do rio. Talvez seja o senhor. Não sei.
-
Sou eu mesmo. Vim fazer-lhe uma visita.
-
Ora essa! Não devia ter vindo.
Homem
tão idoso, pegando noventa anos, deixar o travesseiro e os cochilos para
visitar um descendente quase ignorado, que já ia perdendo o parentesco.
Manifestei-lhe a surpresa com modos de gente da cidade:
-
Sinto muito. Um incômodo. Ia apresentar-me ao senhor, hoje ou amanhã. Cheguei
ontem.
Interrompeu-me,
examinou sério, estirando o beiço, os meus reduzidos muques, o peito cavado, os
ombros que se encolhiam:
-
Doente?
Balancei
a cabeça, esmorecido, bambo. E, num gesto vago, mostrando o organismo chinfrim:
-
Um bando de cacos.
-
É o que se ganha na rua.
Bateu
à porta, chamou, entrou pisando com força, as rosetas das esporas tinindo, foi
abençoar a filha e os netos – minha avó e meus tios. Cumprida a obrigação,
voltou ao copiar. E, enquanto lhe preparavam o café, levei-o ao quarto que me
haviam dado, o melhor de todos, com reboco, junto ao quintalzinho onde
recendiam craveiros e panelas de losna. Ofereci-lhe a cadeira única, sentei-me
na rede, procurei nas teias de aranha, no pátio branco varrido pelos
redemoinhos, no chiqueiro das cabras, nos xique-xiques e nos mandacarus objeto
que pudesse interessá-lo. As aranhas, as cabras, os espinhos, o calor e a
poeira nada me sugeriam. Contrafeito, remexi o interior, em vão. Nenhum assunto
por dentro, nenhum assunto por fora.
Mas
o constrangimento durou pouco. O ancião dirigiu a conversa, loquaz, amaciando a
palavra rude, Era um vivente alegre, simpático, sem tremura e sem calvície. As
mãos calejadas agitavam-se firmes, tencionavam amparar-me a fraqueza e a
doença; uma admirável cabeleira de teatro enfeitava aquela estranha velhice,
pura, limpa, isenta de pigarro, de bronquite; o riso franco exibia dentes
claros, perfeitos, capazes de trincar os ossos.
Começou
esquadrinhando os livros que se arrumavam em cima dum caixão. Abriu um volume.
-
O senhor lê sem óculos?
-
Naturalmente, nunca precisei disso.
Encostou
a página de letra miúda aos olhos muito azuis, afastou-a, aproximou-a:
-
Quelques? Que diabo é quelques?
Pronunciava
cuelques. Soltou a brochura:
-
Bem. Deve ser língua de gringo. Não entendo.
-
Melhor. Se entendesse, não tinha tão boa vista. A leitura arrasa uma pessoa.
-
Talvez arrase. Para que tanto papel? Enfim. Não sei não, os tempos estão
mudados.
Não
aprovou nem desaprovou a literatura exposta no caixão e na mesinha, estreita e
coxa, prosa mais abundante que a que havia absorvido em quase um século.
Pôs-se
a falar sobre D. Pedro II e a família imperial, como se se referisse a
criaturas embarcadas para o estrangeiro na véspera. Conhecia poucos fatos,
obtidos por via oral, mas estavam bem guardados.
-
Que memória!
-
Não é vantagem. Queria que eu andasse com besteiras, tresvariando? Sua bisavó
morreu na caduquice. Miolo fraco. E ainda estava bem moça, a pobre. E calete.
Pois, como ia explicando, a princesa Isabel agarrou o conselheiro e disse
assim…
-
Parece que o senhor foi testemunha.
-
Foi o que se deu. Todo mundo sabe.
Com
certeza o homem se lembrava de casos antigos e esquecia os acontecimentos
novos. Engano. Experimentei-o e notei que o espírito de antepassado funcionava
direito, sem falhas. Realmente o vocabulário dele tinha algumas centenas de
palavras. O meu ia muito além, mas a significação dum desses instrumentos fugia
às vezes e era-me indispensável consultar o dicionário. Se eu possuísse cabeça
igual àquela, o meu trabalho seria fácil. Lamentava-me em silêncio – e o velho
discorria sobre os negócios da fazenda. Interrompeu-se, observou as barrocas do
chão e as paredes negras:
-
Você aqui está mal acomodado. Vá lá para casa.
-
Impossível. Não faço uma desconsideração a minha avó. Estou bem.
-
Vá passar alguns dias comigo.
-
Perfeitamente.
Desejava
apresentar-me a mulher e o filho.
-
Que idade tem ela?
-
Vinte e cinco anos, coitada. Vive cheia de macacoas e não há remédio que sirva.
O pequeno tem seis incompletos.
-
Ora vejam que fim de mundo! Exclamei. Fiz dezoito anos e tenho um tio-avô com
menos de seis. Incrível.
-
É o último, afirmou o patriarca. A mulher, achacada, entregou os pontos, e
daqui em diante não produz.
Graciliano
Ramos
Rio de Janeiro, abr. 1942
(De Viventes das Alagoas, p. 87-90, 19ª edição, 2007, Editora Record, Rio de Janeiro)
Rio de Janeiro, abr. 1942
(De Viventes das Alagoas, p. 87-90, 19ª edição, 2007, Editora Record, Rio de Janeiro)
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BIOGRAFIA
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Parte da minha biblioteca
DICAS PARA GUARDAR
E CONSERVAR SEUS LIVROS
1.
Grandes quantidades de livros são
pesadas. Dê atenção a espessura das prateleiras.
2.
O livro deve ser constantemente
manuseado. O virar das páginas oxigena o material, impede a acumulação de
microrganismos que atacam o papel e colabora para que as folhas não fiquem
ressecadas e quebradiças.
3.
Folheie rapidamente, mas
cuidadosamente, o livro sempre que for colocá-lo de volta na prateleira. Isso
vai arejá-lo.
4.
Não guarde os livros acondicionados
em sacos plásticos, pois isto impede a respiração adequada do papel.
5.
Evite encapar os livros com papel
pardo ou similar. Essa aparente proteção contra a poeira causa, na realidade,
mais dano do que benefício ao volume em médio e curto prazo. O papel tipo
pardo, de natureza ácida, transmite seu teor ácido para os materiais que
estiver envolvendo (migração ácida).
6.
Faça uma vistoria anual. Retire todos
os livros, limpe-os com um pano seco. Limpe a estante com um pano úmido. Evite
passar produtos fortes do tipo lustra-móveis, já que seus resíduos podem
infiltrar no papel.
7.
Deixe sempre um espaço entre estantes
e parede. A parede pode transmitir umidade aos livros. E, com a umidade, surgem
os fungos.
8.
Armários e estantes devem ser
arejados. Estantes fechadas devem ser periodicamente abertas.
9.
Estantes de metal são preferíveis do
ponto de vista da conservação dos livros.
10. Não use clipes como marcadores de páginas. O
processo de oxidação do metal mancha e estraga o papel.
11. Em estantes de madeira, pense em revestir as
prateleiras com vidro. Não use tintas a base de óleo.
12. Bibliotecas devem ser freqüentadas. Nem pense em
porões. Baixa freqüência de pessoas aumenta a insidência de insetos. Considere
um tratamento anual contra traças.
13. Não guarde livros inclinados. Aparadores podem
mantê-los retos.
14. Encadernações de papel e tecido não devem ser
guardadas em contato direto com as de couro.
15. Na prateleira, os livros devem ficar folgados.
Sendo fáceis de serem retirados, duram mais. Comprimidos nas prateleiras,
induzem a sua retirada de maneira incorreta, o que danifica as lombadas e
fatalmente leva ao dano da encadernação. Livros apertados também favorecem o
aparecimento de cupins.
16. Quando tirar um livro da prateleira, não o puxe
pela parte superior da lombada, pois isso danifica a encadernação. O certo é
empurrar os volumes dos dois lados e puxar o volume desejado pelo meio da
lombada.
17. A melhor posição para um livro é vertical. Livros
maiores devem ter prateleiras que permitam isso. Em último caso deixe-os
horizontalmente, tomando-se o cuidado de não sobrepor mais de 3 volumes.
18. Luz do sol direta nem pensar. O sol desbota e
entorta as capas.
19. Se for um livro antigo ou de algum outro valor ou
de maior sensibilidade, lave as mãos antes de folheá-lo, já que mãos
engorduradas contribuem para a aceleração da decomposição do papel. Evite
umedecer as pontas dos dedos com saliva para virar as páginas do livro.
20. Ao ler um livro, evite abri-lo totalmente, como por
exemplo, em cima de uma mesa. Isto pode comprometer a estrutura de sua encadernação.
21. Não utilizar fitas adesivas tipo durex e fitas
crepes, cola branca (PVA) para evitar a perda de um fragmento de um volume em
degradação. Esses materiais possuem alta acidez, provocam manchas irreversíveis
onde aplicado.
FONTE:LIVROS E AFINS
POEMA
EU RECOMENDO
APENAS A DOR DO DEPOIS
NOVO LIVRO DE POEMAS DE PAOLA RHODEN
SELETA "OS 7 PECADOS CAPITAIS"
Ed. Pimenta Malagueta
Um dos mais belos livros do ano,enriquecido com imagens de Hieronimus Bosch,onde 39 autores - poetas,contistas e cronistas - falam da maneira como vêem os sete pecados.
Calíope, deusa da Literatura
CURIOSIDADES LITERÁRIAS
Virginia Woolf,Goethe e Hemingway só escreviam de pé.
Saímos na frente:o primeiro romance do mundo foi escrito por uma mulher, Murasaki Shibiku,em 1007,"A História de Genji",um príncipe que sai á procura do amor e da sabedoria.
Fonte:Revista Literária
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