-Boa tarde,gostaria de falar com D. Nancy.
-Um momento,por favor.Nancy,telefone pra você...
-Alô,Nancy falando.Quem quer falar comigo?
-Olá,senhorita.Permita que eu me apresente.Meu nome é Juca Siqueira e
sou deputado por Minas Gerais.Gostaria muito de vê-la.Poderia passar na sua
casa – digamos – ás 20hs?se não for incômodo...
Nancy,uma bela morena
carioca,percebeu logo que o cavalheiro do outro lado da linha era fino e
educado.Respondeu:
-Pode sim,estou livre.
O homem chegou exatamente ás 8 e não decepcionou a garota.Era um cinquentão
muito elegante,bastos cabelos
embranquecidos e um broche do Rotary na lapela do terno bem cortado.
Depois de instado a entrar e sentar,provou o uísque servido num copo de cristal que Nancy ofereceu cheia de cerimônia.
_Quem comentou sobre mim com o senhor?
-Desculpa,prefiro não falar o nome do amigo.E,com um risinho
acanhado:-Ele não gostaria.Só me assegurou que você era a melhor,mais fina e
elegante companhia das noites cariocas.
-Ora,que é isso! Desta vez a acanhada era Nancy.Só faço o meu melhor.
Ele piscou o olho:
-Prefiro discutir isso amanhã.
-Ora,se você prefere assim...
-Posso passar ás 10 para apanhá-la?Tenho que dar um pulinho no hotel.
Pontualmente ás 10,Juca tocou
a campainha do apartamento,empunhando um buquê de rosas vermelhas.Achou que era
um desperdício comprar essas flores já que a garota tinha estipulado o preço
com antecedência: três mil reais.Disse e ficou esperando a pechincha que todos
faziam até ela tirar 500 ou até mil se o cara fosse jovem e bonito.Mas,isso não
aconteceu;ele morreu nos três mil sem tugir ,nem mugir.Deputado é assim
mesmo,vive ganhando propinas,dinheiro para ele não era nada.
-Nossa,você está linda!O assombro dele era real.
Ela deu uma volta exibindo o excitante vestido de cetim preto muito
justo,mas,sem vulgaridade,cheio de transparências e recortes sensuais.
As rosas,antes lamentadas pelo custo,deixou a moça visivelmente
feliz.Não se lembrava de ter recebido flores em toda sua vida,desde que tinha
doze anos e saíra daquela casinha na Pavuna para ganhar o mundo.
-Para mim??? Oh,muito obrigada.
Jantaram num restaurante chic e depois foram dançar numa boite da moda.Juca era um gentleman; abria as
portas do carro,puxava as cadeiras,levantava-se quando ela ia ao toalete,acendia
seu cigarro,tudo sem exagero,com a naturalidade de um nobre.
Nancy estava tão enlevada que até se arrependeu de ter
cobrado;mas,ele devia saber,o amigo deveria ter lhe avisado que o tempo (e o
resto) de Nancy era para poucos.
Juca a deixou em casa de madrugada ,não sem antes colocar as trinta notas de cem na sua bolsa.
Claro que entre a casa e a boite teve um motel,mas,eu precisava mesmo
falar disto?
-Minha linda,amanhã você vai estar livre?
-Sim,você vai estar aqui?
-Sim,durante todo o fim de semana.E,carinhoso:-Quero você todinha
para mim!Pode ser?
-Claro!...
Nancy estava de queixo caído;isso nunca lhe acontecera
antes.Acompanhante de executivos ,ela nunca encontrara uma pessoa assim educada,fina
e perdulária.Ficou apreensiva,será que poderia se apaixonar? Não tinha
lógica,na sua profissão isso era a morte!
-Então está combinado. Cinco dias,certo?Posso lhe pegar ás duas para
almoçar?
Almoçaram na Barra da Tijuca e depois foram passear na floresta, Nancy,longe
da vovozinha e colada com o lobo,mas,quem pensaria na estória de
Chapeuzinho,numa hora daquelas!?
Nancy estava nas nuvens; esse tratamento de rainha e quinze mil reais
de faturamento.Era demais!
Nem vou descrever os cinco dias repetitivos:almoço,jantar,boite,motel
onde Juca se revelava.Que homem!
Era a última noite e Nancy estava triste.
-Então,você viaja mesmo amanhã?
-Viajo,vou para Minas e depois para Brasília.E,contrito:-O dever me
chama!
-Que pena!
-Olha,garota,eu é que lamento.
Juca ,como sempre fazia,colocou as notas na mão de Nancy.
Beijou uma garota quase chorosa e foi embora.
Nancy acordou tarde e triste naquela manhã.
Quando estava sentada tomando seu desjejum a campanhinha
tocou.Sobressaltada e alegre Nancy pensou:-É ele!Quem tocaria na sua porta tão
cedo!
Era o porteiro com um bilhete.
Nancy abriu ao envelope e leu?
-Menina,quem me indicou você foi o meu assistente,o Rogerinho;ele me
pediu para lhe entregar quinze mil reais da compra de uma fazendinha que ele
fez da sua família,mais exatamente do seu irmão,bancário aqui em Belzonte.
Obrigada por esses dia (e noites) maravilhosos.
Sentada no chão Nancy chorou pitangas!
Ahahaha, políticos não dão tiro no escuro meeessssmo... Excelente!
ResponderExcluirMari,ainda mais político mineiro,o come queto...rsss
ResponderExcluirTinha que ser um minerim uai?
ResponderExcluirAh, fama danada.
Muito boa Miriam.
Um abração.
Bju.
Esta é muito boa, Miriam. Mineiro é quietim,quietim,político, então... Coitada da Nancy! Pena que ela tem o mesmo nome de uma parenta minha, muito querida, que já se foi. Abraços.
ResponderExcluirToninho,mineirin' vai chegando assim,assim... tu sabes! rsss bjks
ResponderExcluirPois é,tb tive pena da garota...
ResponderExcluirMs,político,mineiro ou n/ sabe dar nó em pingo d'água.É ou não é? bjs