quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

PACI ÊNCIA,PRUDÊNCIA E PERSISTÊNCIA



Não sei  porque, mas,sempre que folheio meu jornal diário fico pensando que,no passado, era melhor.Não tínhamos que ler tanta notícia má e nem mesmo ler,pois como diz Caetano –“quem lê tanta notícia?!” já que , a maioria das pessoas ouvia mesmo era o rádio.
Creio que começar o dia ouvindo pagode e lendo jornais, que são meros bancos de sangue encadernados,não  despertará nossos melhores instintos,com certeza.
Viver na Salvador de hoje , uma megalópolis de quase três milhões de habitantes,ruas engarrafadas a qualquer momento,gente espremida em ônibus lotados,carros demais nas ruas que foram feitas para as carruagens seiscentistas e sendo obsequiada com o pior prefeito de todos os tempos,dá-nos a impressão de que o Senhor do Bonfim tirou férias ou cansou de nós e decidiu voltar a residir em Setúbal,mesmo tendo que engolir o Cavaco,goela a dentro.
Se não fosse a brisa marinha e as  belas paisagens acho que os baianos surtariam.
Cada vez mais precisamos de três palavrinhas  começadas com a letra P – paciência,prudência e persistência – para resistirmos  ao desejo de chutar o pau da barraca e emigrar para o Interior,com casinhas simples e cadeiras nas calçadas, além dos quadros simplórios   :-”Esta casa é um lar” e   vizinhas sentadas na  porta,à tardinha ,trocando  receitas e falando  da vida alheia( que,pode até ser pecado,mas ,é divertido) dando a cor local e um viés de serenidade tão necessário para uma vida feliz.
Sei que são palavrinhas antiquadas, ainda usam chapéu e vêm resistindo a reformas ortográficas sem nexo,feitas apenas para ocupar o tempo dos gramáticos.
Paciência necessária no  trânsito,no lidar com os nossos dessemelhantes,com o governo,com  os familiares, todos estressados,com as horas perdidas nas filas.
Paciência com juros estratosféricos,mulheres de callcenter, contas que não fecham,escolas públicas destruídas ou sem vagas e o eterno blábláblá dos políticos.
Uma famosa cantora baiana queixou-se da preguiça dos seus conterrâneos porque um deles demorou de consertar seu ar condicionado; por se sentir desprestigiada ,afinal ela pensa que é uma “personalidade” jogou a pecha de preguiçoso  em todos os baianos,Precisamos ter paciência,também,com essa falsa baianas apaulistada, que colocou no mesmo saco um bando de grãos de farinha diferentes.Toda unanimidade é burra,dizia o Mestre Nelson Rodrigues e,quem sabe ,a própria moça não teve preguiça de procurar melhor um técnico ou uma empresa que pudessem melhor lhe servir.Acontece!
Mas,voltemos às palavrinhas.
Prudência é uma palavra tão boa como qualquer outra e até tem status de substantivo próprio , pois ,virou nome de gente.
Ela nos ajuda a não cair em frias,não extrapolar nos gastos  e nem confiar em qualquer peralvilho que se nos apresente.
Há muito ,prudentemente,aprendi a desconfiar de elogios reiterados e  repetitivos.
Prefiro as críticas honestas  porque ,essas eu estou pronta para receber e responder.Mulher de desconfiômetro ativo,sei que não estou com essa bola toda que as pessoas querem me fazer acreditar.
Lembro daquele filósofo grego de tempos idos que,quando era aplaudido pela multidão,se perguntava:
-Que besteira será que eu falei?!
Bem, nos resta falar  da  persistência. Gosto muito desta palavra, apesar de ser difícil de pronunciar,especialmente por jornalistas de TV que estão sempre se enrolando com ela.
É a persistência que nos leva ao  sucesso,seja para conseguir uma audiência com um político ou publicar um livro.
A persistência põe-me todo dia diante de uma tela em branco de um  computador,onde escrevo essas mal traçadas pensando na posteridade ,mesmo que ninguém leia ou comente.
Persisto, também,no meu propósito de lutar para que a Bahia seja conhecida por sua Literatura,que existe,apesar de não ser divulgada,e,não apenas pelos pagodes e axés da vida.Não,ainda não me cansei de dar murro em faca de ponta.
Afinal ,os acadêmicos,são (ou deveriam ser) os apóstolos modernos e exercer seu apostolado  difundindo a cultura  por aí,seja aos corintianos ou aos flamenguistas,não importa.
São Paulo não difundiu o Evangelho aos coríntios? E,se o   fez é porque naquele tempo não havia corintianos,exceto o presidente Lula que é atemporal.
Obrigada pela paciência ao ler essa crônica e persista  nessas leituras com carinho e prudência.
                                          ‘té mais!

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

PASSEIO SOCRÁTICO



Ao  viajar pelo Oriente mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do  Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos e em paz nos seus mantos cor de açafrão.
Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São  Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares,  preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já  haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um  outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir: 'Qual dos dois  modelos produz felicidade?'
Encontrei  Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: 'Não foi à  aula?' Ela respondeu: 'Não, tenho aula à tarde'. Comemorei: 'Que bom, então de  manhã você pode brincar, dormir até mais tarde'. 'Não', retrucou ela, 'tenho tanta coisa de manhã...'. 'Que tanta coisa?', perguntei.. 'Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina', e começou a elencar seu programa de garota robotizada. Fiquei pensando: 'Que pena, a Daniela não disse: 'Tenho aula de  meditação!
'Estamos construindo  super-homens e super-mulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados.
Uma progressista cidade do  interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias!        
Não  tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em  relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: 'Como  estava o defunto?'. 'Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!' Mas como  fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?
Hoje, a  palavra é virtualidade. Tudo é virtual.. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga  íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizi­nho de  prédio ou de quadra! Tudo é virtual. Somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. E somos também eticamente virtuais...
A  palavra hoje é 'entretenimento'. Domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva.  Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela. 
 Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é  o resultado da soma de prazeres: 'Se tomar este refrigerante, calçar este tênis, ­ usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!' 
O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que  acaba­ precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a  neurose.
O grande desafio é começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor..  Aliás, para uma boa saúde mental, três requisitos são indispensáveis: amizades,  auto-estima, ausência de estresse.
Há uma  lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Na Idade Média,  as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shoppings centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingo. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há  mendigos, crianças de rua, sujeira pelas  calçadas...
Entra-se naqueles claustros  ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista.  Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos  de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. 
 Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito,  entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno...  Felizmente, terminam todos na  eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo  hambúrguer do Mc Donald...


Costumo  advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: 'Estou apenas fazendo um passeio socrático. Diante de seus olhares espantados, explico: 'Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro  comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia:´Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz!"











Frei Betto, religioso,escritor e ativista político


*Transcrito da Internet



quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

ALÉM DA VIDA






É indiscutível. Todos nós acreditamos ou, no mínimo,desejamos,que haja vida após a morte.
Para isso, para ter essa certeza,o homem inventou Deus e, as religiões,espertamente,faturaram com isso.Elas vivem explorando o medo e a esperança.
Mas, não estou aqui para filosofias,mas,sim,para falar do magnífico novo filme de Clint Eastwood,”Além da Vida”.(Hereafter),que assisti,anteontem,entre minhas muitas obrigações,literárias ou não.
Há muito não vejo um filme de tão sublime beleza.
A cena inicial, mostrando o tsunami na Indonésia em 2004 ,foi uma das cenas mais realistas e magistrais que já assisti;e,não,nada tem a ver com o cinema catástrofe,tão ao (mau) gosto americano.
Essa cena não está ali por acaso; o autor quer mostrar como inesperadas, pequenas ou devastadoras tsunamis podem virar de ponta – cabeça nossas vidas.E,como é difícil para nós,humanos,lidarmos com a morte.
Os personagens são três. Não se conhecem, vivem em lugares diferentes e não têm nada em comum, a não ser a presença da morte em suas vidas. E a busca pela verdade, a procura pelo que há além.
O personagem Marie (Cécile de France),atingida pelo tsunami,morre por alguns minutos,vislumbra o outro lado e,quando volta à vida não é mais a mesma.
Obcecada pela idéia de ter visto o lado de lá, perde credibilidade no seu trabalho, perde o homem de sua vida e o direito de publicar o livro que sempre sonhou; pois,quis  escrever outro,onde fala da sua experiência ,de que não devemos aceitar passivamente a morte,porque,ela pode,sim,ser a passagem para uma outra vida,ela não é absoluta,pois,pode sobreviver numa outra esfera,diferente desta que conhecemos.  Matt Damon é George,um médium que vive em São Francisco e sente-se cansado de transitar entre dois mundos.
Abandonar essa tarefa de elo  de  ligação entre os que ficam e os que  se foram,o está deixando muito perturbado e sem saber que sentido dar à sua própria vida.
Assim, deixa de lado esse dom maldito e vai trabalhar como um simples operário e fazer um curso de culinária afim de se integrar ao mundo real.
Em Londres, os gêmeos Marcus e Jason, (Frankie e George McLaren ,fazem ambos o papel)  filhos de uma mãe viciada ,apóiam-se um no outro,e lutam para proteger a mãe,das autoridades do Serviço Social,até que o inesperado acontece,trazendo dor e mágoa para essa já triste família.
As três estórias  mostram personagens com sentimentos distintos a respeito da morte;Marie,que acredita na continuação ,depois dela; o desespero da perda,no caso de Marcus e os assuntos que a morte deixou pendente,no caso de George.
A magistralidade  do filme está, principalmente, no modo comedido que o diretor Eastwood se comporta,pois,não dá bandeira,não  deixa nenhuma brecha para que nós identifiquemos os seus pensamentos a respeito da sobrevivência do espírito.
Duas cenas foram marcantes para mim; uma,carregada de um sutil erotismo quando George faz uma colega do curso de culinária provar,de olhos vendados,pequenas colheradas de um tempero;ambos coram,encantados com o prazer recíproco.
A outra cena, no metrô ,quando Marcus persegue um boné e,por causa disto,escapa de um atentado a um trem,em Londres;olha,essa cena fez uma mulher descrente e vivida .se arrepiar...
É um grande filme .Ou melhor,é um filme magistral!


PALAVRA DO  LEITOR:

Oi querida! Ainda não vi, mas estou curiosíssimo! De Clint Eastwood só poderíamos esperar tudo de bom! Parabéns pela iniciativa de divulgação. É um tema que interessa a todos independente de credo ou religião. Beijos

Paulo Martins,leitor







Querida Miriam de Sales;
amiga e poetisa, excelente narradora;
Você é tão gentil que sempre nos deixa aquela sensação de não retribuir à altura, o que deve ser efetivo.
Gostei muito das suas dicas sobre o filme Além da Vida, principalmente por ser um assunto que muito me interessa. Como poderia alguém não se interessar?
Irei vê-lo logo.
Hugo Homem,escritor baiano



12/01/11 10:09 - Silvia Regina Costa Lima,poetisa paulista

Como vai, poeta? ****Bom Dia, menina! ...com certeza vou querer ver
depois daqui.. esta semana falei sobre a imortalidade também. em um
poema... vc está bem?... tão sumida.. affffffff.... ** E hoje há -
Argonauta - em meu soneto ******* Um beijo azul com saudades





12/01/11 10:09 - Chagaspires,leitor

PODERÁ O HOMEM SER REALMENTE O CRIADOR? ESTA É A INDAGAÇÃO PRINCIPAL
DA VIDA E DA MORTE. ABRAÇOS.
OBS. É PRECISO QUE A SEMENTE MORRA PARA PODER A PLANTA NASCER.
ESTA É MINHA CONCEPÇÃO.


5/01/11 23:08 - CONCEIÇÃO GOMES

Faz tempo que não vou ao cinema, mas penso que vou agora. E eu
pergunto: se não houver o alem da vida, porque vivemos?


quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

RESSURREIÇÃO!



Entenda a chegada de um novo ano como a oportunidade de  deletar  todos os  erros,tudo o que fez você não apreciar em si mesmo,durante o ano que findou.
Limpando o cérebro do sentimento de culpa e frustração que trava o nosso crescimento, pode-se receber o novo ano como a oportunidade de  melhorar , podendo criar um ano novo a cada dia que se vai.
Não importa os erros  cometidos, pois,eles fazem parte do nosso aprendizado,como quando fazemos um bolo e erramos no fermento.
Não ligue se  tropeçou,chorou ou quase desistiu dos seus sonhos.
Quando as doze badaladas da meia – noite baterem saudando o ano que vai nascer,quando os fogos cruzarem os céus,enchendo de luz o firmamento, o ano anterior já é passado e, só vale como boas recordações a serem lembradas.
Você,meu amigo,minha amiga,está a um passo da ressurreição!