HOJE ,LEITOR,LHE TRAGO UM PRESENTE.UMA REVISTA INTEIRINHA.
BECO DAS PALAVRAS,EDIÇÃO DE OUTUBRO/2014.ATUAL,COMO SEMPRE...
REDAÇÃO
DIRETORA RESPONSÁVEL: Miriam de Sales
EDITORA ADJUNTA: Victória Planzo
COLABORADORES: CLÁUDIO HERMÍNIO,ALMIRA REUTER,ROGÉRIO MOTTA E ARLETE TRENTINI
REVISTA MENSAL DIGITAL SEM FINS LUCRATIVOS
EDITORIAL
OS CAMINHOS DA LITERATURA
A Cultura como nós a conhecemos está mudando e,como a
Literatura é uma parte muito importante da cultura e porque esse
assunto,particularmente nos interessa como escritores e leitores,vamos
conversar um pouco sobre essas mudanças que nos assustam um pouco,como
aliás,tudo o que é novo.”É preciso que tudo mude para que fique como está”,diz
o Lampedusa,mas,no caso das Artes esse conceito está longe de ser verdadeiro.As
mudanças são flagrantes e nada está como foi ou deveria ser.
Comecemos pelo pouco valor da palavra,substituída pela
imagem ou pela música.Escreve-se muito,mas,pouco se lê e o audiovisual se
sobrepõe á palavra escrita,ao pensamento perene ou a sabedoria transmitida
pelas gerações passadas.
A cultura livresca ,como dizia T.S.Elliot,no seu ensaio,vai
perdendo força e vitalidade onde as humanidades clássicas estão perdendo espaço
,existindo apenas nos meios intelectuais onde se reverencia a alta – cultura.
O que se nos apresenta
no lugar da alta – cultura é a
banalização e a frivolidade e,no campo
informativo um jornalismo irresponsável,voltado ao escândalo e aos
mexericos,onde denúncias não comprovadas ou calúnias arrastam um nome honrado á
lama sem que haja punição ou,ao
menos,retratação.
Os adeptos da cultura de massa ou contra – cultura criticam o nosso elitismo e a nossa exigência
de ,pelo menos ,quem escreve ou poetiza ,deve saber escrever e poetar,afim de
não agredir os nossos olhos e o nosso pensamento ,com trabalhos literários inexpressivos
e imediatistas – não duram uma geração –pagos com muito suor por pseudos
autores a editores que ganham para publicá-los,eles ,mesmos,uns vendilhões do
templo literário,á espera de um Nazareno que os expulse do mercado.
A diferença entre os escritores do passado e os de hoje é
que aqueles pretendiam transcender o tempo presente, durar para sempre como bem
diz Vargas Llosa e educar gerações, ao
passo que o produto livro,nos dias atuais é fabricado para ser rapidamente consumido e logo
digerido para desaparecer como
pipocas ou biscoitos,continua Llosa.
Dante,Shakespeare,Faulkner,Mann,Kafka,Joyce escreviam obras que “derrotavam a
morte”e fascinaram várias gerações .
Ao contrário dos livros de hoje que,como as telenovelas e os shows são feitos
para durar,apenas,o tempo da apresentação,para dar lugar a outros produtos
novos e de má qualidade como esses.
Ao capitalismo e seu subordinado,o Mercado,o que interessa
é o sucesso comercial da obra e a diferença entre valor e preço quase que se apagou,pois,tem valor aquilo que
é vendido ,é ruim o produto bom ,mas,que não tem público ,pois,lhe falta
publicidade maciça e é produzida para um público imbecilizado,pouco lúcido e
menos ainda educado para entender as sutilezas do pensamento humano ,na sua
essência.Gente condicionada ao mercado e á publicidade como os cãezinhos de
Pavlov.
Livros descartáveis que aparecem e logo desaparecem como
seus autores.Como disse uma jovem autora a um escritor famoso: -Estou aqui para
vender livros e ficar rica.(!)
Muitos veem tudo isso com alegria pois acham que a cultura
Mainstream está muito mais democratizada,levando a vida cultural a aqueles que antes não tinham acesso ,pois,a
elite monopolizava a cultura,tornando –
a por demais aristocrática.
Tudo isso é muito nobre,mas,a cultura como a conhecemos
está desaparecendo e o que restou foi apenas não um leitor consciente,mas, um
consumidor de ilusões.
Vide :
T.S.Elliot:Notas Para Uma Definição de Cultura
Steiner:O Castelo de Barba Azul: Algumas Notas para a
Redefinição da Cultura
Debord:La Socièté Du Spectacle
Vargas LLosa:A civilização do Espetáculo
Miriam de Sales
Escritora,editora e palestrante
LETRAS GRAÚDAS
MONTEIRO LOBATO
Texto autobiográfico de Monteiro Lobato
Nasci José Renato Monteiro
Lobato, em Taubaté-SP, aos 18 de abril de 1882. Falei tarde e aos 5 anos
deidade ouvi, pela primeira vez, um célebre ditado... Concordei. Aos
9 anos resolvi mudar meu nome paraJosé Bento Monteiro Lobato
desejando usar uma bengala de meu pai, gravada com as iniciais
J.B.M.L.Fui Juca, com as minhas irmãs Judite
e Esther, fazendo bichos de chuchu com palitos nas pernas. Por isso,
cada um de meus personagens; Pedrinho, Narizinho, Emília e Visconde representam
um pouco doque fui e um pouco do que não pude ser.Aos 14 anos escrevi,
para o jornal "O Guarani", minha primeira crônica.Sempre amei a
leitura. Li Carlos Magno e os 12 pares de França, o Robinson Crusoé e todo o
Júlio Verne.Formei-me em Direito em 1904, pela Universidade de São Paulo. Queria
ter cursado Belas Artes ou atéEngenharia,
mas meu avô, Visconde de Tremembé, amigo de Dom Pedro II, queria ter na família
um bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais.Em maio de 1907 fui nomeado
promotor em Areias - SP, casando-me no ano seguinte com Maria Pureza da
Natividade, com quem tive o Edgar, o Guilherme, a Marta e a Rute.Vivi no
interior, nas pequenas cidades, sempre escrevendo para jornais
e revistas.Em 1911 morreu o meu avô,
Visconde de Tremembé, e dele herdei a fazenda Buquira, passando de promotor
a fazendeiro. Na fazenda escrevi o Jeca Tatu, símbolo nacional.Comprei a "Revista do Brasil" e
comecei, então, a editar meus livros para
adultos. "Urupês" iniciou afila em 1918. Surgia a
primeira editora nacional "Monteiro Lobato & Cia", neste mesmo
ano. Antes de mim, os livros do Brasil eram impressos em Portugal.Quiseram me
levar para a Academia Brasileira de Letras. Recusei. Não quis transigir com a
praxe de lá -implorar votos.Tive muitos
convites para cargos oficiais de grande importância. Recusei a todos. Getúlio
Vargas(presidente do Brasil na ocasião) convocou-me para ser o Ministro da
Propaganda. Respondi que a melhor propaganda para o Brasil, no exterior,
era a "Liberdade do Povo", a constitucionalização do país.Minha fama de propagandista decorria da minha
absoluta convicção pessoal. O caso do petróleo, por exemplo, e do ferro.
Éramos ricos em energia hidráulica e minérios e não somente café e açúcar.Durante
10 anos, gritei essas verdades. Fui sabotado e incompreendido.Dediquei-me
à Literatura Infantil já em 1921. E, retomei a ela, anos depois, desgostoso dos
adultos. Com"Narizinho Arrebitado", lancei o "Sítio do Picapau Amarelo". O sítio é um reino de liberdade eencantamento. Muitos já o
classificaram de República.Eu mesmo, por intermédio de
um personagem, o Rei Carol, da Romênia, no livro A Reforma da Natureza, disse ser o Sítio uma República.
Não; República não é, e sim um reino. Um reino cuja rainha é a D. Benta. Uma rainha
democrática, que reina pouco. Uma rainha que permite liberdade absoluta aos seus súditos. Súditos que também governam. Um
deles, Emília, é voluntariosa, teimosa, renitente enão renuncia os seus desejos e projetos. Narizinho e Pedrinho são as
crianças de ontem, de hoje e amanhã, abertas a tudo, querendo ser
felizes, confrontando suas experiências com o que os mais velhos dizem, mas
sempre acreditando no futuro. Mas eu precisava de instrumentos idôneos para que
o trânsito do mundo real para o fantástico fosse possível, pois, como ir à Grécia?
Como ir à Lua? Como alcançar os anéis de Saturno? Bem, a lógica
das coisas impunha a existência desse instrumento. Primeiro surgiu o "O Pó de Pirlimpimpim" que transportaria para
todo e sempre, os personagens de um lugar para outro,vencendo o "ESPAÇO".
O "FAZ-DE-CONTA", pó número 2, venceria a barreira do"TEMPO", suprindo as impossibilidades
de acontecimentos. Finalmente pensei no "SUPER-PÓ", inventado pelo
Visconde de Sabugosa, em o Minotauro, que transportaria, num átomo , para qualquer lugar indeterminado, desde que desejado.Como
disse a Emília: "é um absurdo
terminar a vida assim,
analfabeto!". Eu poderia ter escrito muito mais, perdi muito tempo escrevendo para gente grande. Precisava ter
aprendido mais...Hoje aos 4 de
julho de 1948, vítima de um colapso, na cidade de São Paulo parto para outra
dimensão.Mas o que tinha de essencial, meu espírito jovem, minha coragem, está
vivo no coração de cada criança.
Viverá para
sempre, enquanto estiver presente a palavra inconfundível de
"Emília".Monteiro Lobato
MONTEIRO LOBATO: UM HOMEM CHEIO DE ARTES
O HOMEM
José Bento Renato Monteiro Lobato (homem duplicado
Bengala, renascer
Os pais: José Bento Marcondes Lobato
D. Olímpia Augusta Lobato
Primeiras letras: alfabetizado pela mãe e por um
professor particular.
Fazenda Buquira
Avó: o Visconde de Tremembé, rico e influente fazendeiro
de café.
Grêmios literários, colaborador de jornais estudantis.
elogiado,senso de humor fino à inglesa,revista FonFon,Estado se S. Paulo
O Cenáculo c/ Rangel e Tito Lívio
Formou-se em Direito, avô, desejo; gostava de artes,
pintura, caricatura. ( fonte de renda)ávido leitor.
Nacionalista, influente escritor, editor, político,
ferro, petróleo,
Anti convencional, verdadeiro, falava o q/ queria sem
pensar nas conseqüências.
O ADVOGADO
1904 CASOU-SE C/ d. Purezinha, prima distante; teve outro
amor
Promotor público, Areias, Rangel, barca de Gleyre
Nasceu Marta, um ano depois, Edgar, Guilherme, Rute
Irrequieto, armazém de secos e molhados, negócios de
estrada de ferro; eterno insatisfeito. espírito aventureiro,explorar o Viaduto
do Chá
Herdou a fazenda do avô
A FAMA
Velha Praga E SP sobre as queimadas o inquérito do saci,
jeca tatu, (símbolo de atraso, miséria) grande preguiçoso, desmistificação do
índio/ caboclo do romantismo, polêmica
Dirceu Fontoura
Urupês
Revista do Brasil comprou.
Geada, falta de tino, dificuldades financeiras (vendia ou
penhorava o q/ estivesse à mão me diz a neta, Joyce)
As cachoeiras: o reino das águas claras
Estrada do livro q/ une M. Lobato à Caçapava.
Polêmica c/ Anita Malfatti sobre a pintura modernista,
crítica desfavorável, chamado reacionário. ele detestava era os
ismos:futurismo,dadaísmo,modernismo,surrealismo q/ lembrava colonialismo
europeu.queria arte brasileira,autóctone,amigo e editor de Oswald de Andrade.
O EDITOR
Espaço p/ novos talentos Rev. Brasil
Nacionalismo empresa editorial
“livro é sobremesa; tem q/ ser posto diante do nariz do
freguês
Cia. Ed. Nacional
Distribuição, qualidade gráfica, capa feita p/
ilustradores como Lemi, p/substituir capas tipográficas, novos autores, Rangel,
Osvaldo Orico, Menotti dal picchia, Oswald de Andrade, Pedro Calmon, medalhões,
Sra. Leandro Dupré, éramos 6, o inquérito sobre o saci, a luta pelo petróleo de
Essad Bay
Popularidade de jeca citado p/ Ruy, Cidades mortas
1920: narizinho (Lúcia) sitio do pica-pau amarelo, lit.
nossa, folclore, lendas, costumes
Desiludido dos adultos começou a escrever p/ crianças
educando novas gerações. ex. grátis nas escolas;importou máquinas dos
states,mas,seca,apagão
Desvalorização da moeda, Artur Bernardes, redesconto BB,
faliu
N/foi derrotado, traduções, H.Staden
Lit. didática ensinando ciência historia geografia,
divertida.
NEW York
AL, derrotado, n/fazer visitas a acadêmicos
Presidente negro, porviroscópio. previu a queda da
cultura européia,a America novo pólo cultural,a chegada dos computadores e
internet,a queda dos jornais impressos.
Washington Luis, governar é abrir estradas, adido
cultural, tecnologia americana, petróleo, ferro, Detroit, aço, Smith, jogou na bolsa,
perdeu tudo, crise de 29(urucubaca financeira), vendeu sua Ed.
Apóia Júlio prestes p/ causa petróleo, deposto WL,
antipatia Getúlio, infortúnio.
O PETRÓLEO
Cia; Petróleos do Brasil, ações, venda fácil, prejudicou
interesses de gente importante na política e no empresariado brasileiro e
empresas estrangeiras.
Luta q/ o deixou muito pobre, doente, desgostoso e preso.
acusou ,governo,n/ perfura,nem deixa perfurar,subversivo,estado novo,petróleo
no local hoje chamado Lobato,periferia ,SSA,Oscar cordeiro,o petróleo é nosso,
Sobreviveu de traduções como o menino lobo de kipling;
Sua literatura: Emília no país da gramática defendia uma
gramática normativa, historia di mundo, criticas da igreja (a literatura
infantil de monteiro lobato ou comunismo p/ crianças, Sales Brasil,) minha mãe,
parente, n/deu ouvidos, me deu livros. Dez/47 veio a SSA ,narizinho
,adroaldo,eu,
O FIM
Doente, perda de motricidade morreu a 4/7/48, dormindo,
66 anos, comoção popular, velado na b.P, s. Paulo
ALTER EGOS
Emilia Miss Jane (pres. negro
VISTO PELA NETA
Joyce Kornbluh, 74, administra o acervo, burocracia, o
seu minotauro, idealista, Juca, a costela de lobato, Martha campos, mãe,
leilão, n/ gostava de ser preso a nada material; só levava balas no bolso.
bolso mágico.n/era paparicador,ocupado,sempre perdeu dinheiro,sonhava grande e
caia grande,sótão,proibido neta,garrafa,saci, virar pedra, pinga,inventava
estórias na hora,gostava de andar a pé.,adorava borboletas, caçava p / o filho
Guilherme,sempre de cama,tesouros da juventude, D. Purezinha a protegia do pai
,nas reinações,saiu da prisão porque ficou doente,operado,embolia
pulmonar,tiraram pedacinho da costela,
está na Bibl.Inf.Monteiro Lobato na Vila Buarque,as roupas,máscara
mortuária,mobília do escritório dele. Corpo velado era nosso defunto.
Patriota, adorava seu país, nasceu milionário e morreu
pobre, saiu da cadeia, morou c/irmã.
A BARCA DE GLEYRE1903/43
Cartas, Rangel relata lutas do cotidiano, sonhos,
frustrações, amarguras
Nacionalista ferrenho, cultura francesa, intelectual
retrógrado e passadista, n/ era.
Ilusões perdidas, quadro de gleyre. ”no cais melancólico
barcos saem.e um barco chega trazendo á proa um velho c/ um braço pendido
largadamente sobre uma lira - uma figura q/ a gente vê e nunca mais esquece,nós
somos este velho;em q/ estado voltaremos,Rangel,desta nossa aventura de arte
pelos mares da vida em fora?Como o velho gleyre Cansados,rotos?As ilusões
daquele homem eram as velas da barca – e, n/ ficou nenhuma.Nossos dois
barquinhos estão hoje cheios de velas novas e arrogantes,atadas ao mastro da
nossa petulância\a.São as nossas ilusões.Que lhes acontecerá?
Ao falar da sua amizade c/ Rangel diz: fomos o porretinho
um do outro nesta longa travessia.
O ESCRITOR NA BERLINDA
ALMIRA REUTER
A artista plástica e escritora memorialista Almira Reuter,nasceu em Nanuque,MG,mas,residiu muito
tempo em Mato Grosso.Como artista plástica fez exposições por todo o Brasil e
em Nova York,com competência e sucesso.Pesquisadora
,desenvolve seus trabalhos com muito estudo
e,nesta linha escreveu o livro memorialista “O FERMENTO E O
TEMPO”,narrando a história da sua família,filosofando e revivendo lembranças de
um tempo marcante da sua vida.
UM TEXTO DE ALMIRA REUTER
Introdução
Meus
amigos são peças importantes em minha vida. No
decorrer
de minha existência tive muitos conhecidos, amigos
podem
ser contados nos dedos, são poucos, porém, verdadeiros.
Com
alguns, é claro que já tive rusgas, mas elas serviram para
que
realmente nos conhecêssemos e passássemos a respeitar o
espaço
de cada um, para gostarmos uns dos outros com todos
nossos
defeitos. Por isso, acho muito bom salientar que todos
eles
são responsáveis por eu ter tido coragem de escrever meu
livro.
Quem sabe este não será o primeiro de outros que surgirão?
E,
só o tempo foi capaz de me fazer enxergar essa linda
realidade...
Comecei
como muitos, que escrevem já há bastante tempo, sem nenhuma pretensão, apenas
para ver como era digitar em
um
computador e, assim, acabar com o medo que tinha daquela
máquina.
No entanto, de imediato senti muita facilidade para
digitar,
pois o teclado era o mesmo das velhas máquinas de
escrever.
Em 1964, aprendi um pouco de datilografia , isso
facilitou
muito minha interação com o computador e fiquei
entusiasmada
para continuar.
Quando
comecei a escrever sobre o medo, automaticamente
fui
vencendo-o. Comecei, assim, a questionar de
onde
teria surgido aquele medo. No decorrer de minha escrita,
sinto
que ele brota em cada parte da minha vida, desde minha
infância.
Começo, então, a tratá-lo com carinho, pois se não
fosse
ele eu não teria enfrentado todas as dificuldades que surgiram ao longo de minha jornada.
Constatei que ele foi
útil
e necessário para que eu pudesse vencer tantos obstáculos
que
encontrei em todo o meu caminhar. E assim, através dele,
pude
admirar mais pessoas que passaram por minha vida, sem
distinção
de classe social, de credo ou de cor, pessoas que, com
suas
forças, só fizeram somar.
Não
tive a intenção de escrever uma autobiografia .
Senti
que deveria deixar a emoção fluir , sem permitir muita
interferência
da razão, do contrário, não conseguiria escrever
uma
só palavra.
Quando
levei meu texto para Alda apreciar, estava muito
receosa
a respeito de sua opinião. Ela sugeriu que eu fizesse o livro
em
capítulos. Então, com muita dificuldade
e contando com
a
ajuda de meu neto, consegui fazer como ela havia sugerido.
Entretanto,
achei que aquilo não era meu, não me vi ali naqueles
escritos.
Posteriormente, conversando sobre isso com Regina
Pena,
esta sugeriu que eu enviasse por e-mail algumas fotos
de
minhas obras de arte para Alda, assim ela poderia conhecer
minhas
obras e, também, conhecer um pouco de mim, por meio
de
minha arte. Assim o fiz . Quando Alda viu o material que
enviei,
mudou completamente de opinião e disse que minha
escrita
é igual à minha pintura. Achei muito interessante essa
explicação,
pois nunca iria imaginar que isso pudesse ocorrer,
ou
seja, ter uma a aparência da outra, identificar
o criador em
suas
obras mesmo que de modalidades diferentes. Fiquei feliz e,
assim,
deixei o texto como ele nasceu e fluiu .
Minha
grande amiga Vitória Basaia fala constantemente que tudo em minha vida eu só
aprendo a fazer fazendo. Com isso, ela contribuiu para eu criar coragem para
começar e também manter uma grande liberdade ao escrever, registrando o que
fosse nascendo enquanto digitava.
Nascendo,
crescendo e vivendo...
Assim,
apresento-lhes O Fermento e o Tempo.
CANTINHO
DA POESIA
ROGÉRIO
MOTTA
Poeta
,diretor e ator teatral reside em Embu das Artes,S. Paulo,de onde nos manda
belos poemas “arriscando-se”,como diz,na área literária.Com sua extrema
sensibilidade retrata o cotidiano com
argúcia e sentimento.Rogério atou nas novelas “A Escrava Isaura”,da
Record e “Canaviais de Paixões (SBT).
ROSA
NEGRA
Hoje
o dia é cinza,
O
sol não se faz presente...
Nuvens
escuras e garoa mansa!
Flores
fechadas e jardim deserto
Esquecida
ao tempo ou lembrada ao vento?
Nunca
esquecida em um jardim distante...
Lágrimas
em lembranças de uma rosa negra.
Coração
pequeno e o não estar ali.
Pensamento
longe e a rosa triste...
Separado,então,por
um jardim ao longe.
A
distância ecoa e vazio abrange.
Pétalas
de rosa em lágrimas de orvalho.
Solidão
que acaba em um abraço forte.
Rosa
negra colhida e o jardim mais perto.
Sorriso
no rosto,
Rosa
negra nas mãos,
Veja,então,o
fim da solidão.
CRÔNICAS
& CONTOS
SELMA LAGERLÖFF
Penetrei num mundo novo quando,na adolescência,conheci a
obra de Selma Lagerlöff;a escritora sueca me encantou ,falando de um universo
desconhecido,mas,tão cheio de magia e
povoado por criaturas fantásticas
,mitos e lendas nórdicas ,que passavam tão desapercebidas por nós,aqui no
Brasil.Dos trópicos á paisagem do norte
da Suécia,uma longa viagem !
Seu primeiro romance,”A Saga de Gösta Berling” ,que começou
a escrever enquanto ainda era professora, é uma obra – prima do romantismo,uma
descrição lírica da vida na Suécia,no sec.XIX e foi inspirada em mitos e lendas
do seu país.Ela se inscreveu num concurso literário e ganhou como prêmio a
publicação.
Na sua terra,o romance não fez sucesso até que foi
publicado na Dinamarca,sucesso de público e crítica;todos se apaixonaram pela
saga do pastor Gösta Berling,desgraçado
pela bebida e resgatado pelo amor.
O sucesso do livro e o apoio da Academia Sueca e da Família
Real permitiu que ela se dedicasse,apenas,á Literatura.
Em 1897 viajou para a Itália onde escreveu “Os Milagres do
Anticristo”,sobre a vida na Sicília.
E as viagens ao Egito e á Palestina gerou o livro “Jerusalém”,inspirado na
história verdadeira de um grupo de camponeses suecos que emigrou para a Terra
Santa.
Mas,”A Maravilhosa Viagem de Nils Holgersson,um livro
infantil,consolidou a sua fama.
Em 1909 foi a primeira mulher a receber o Prêmio Nobel e
doou a medalha para a Finlândia para ajudar seu povo a sobreviver ao bloqueio
soviético.
Morreu por causa de um derrame em 1940.
A MARAVILHOSA VIAGEM DE NILS HOLGERSSON
O objetivo deste livro era ensinar geografia ás crianças
suecas.Conta a história do garoto Nils que,graças ás muitas travessuras que
fazia,encolheu até ficar do tamanho de um duende e,assim,pode viajar na garupa
de um ganso por toda Suécia.A história
fala da geografia,do clima,da natureza através de uma série de aventuras
alegres e perigosas.Nils aprende sobre a amizade e o bem ,antes de voltar para casa e se
reencontrar com os pais.
É tão popular que o personagem aparece nas notas suecas de 20 coroas.
Diploma do Nobel
CONTO DE NATAL
Há muito tempo, um grupo de
boêmios e de artistas havia encontrado refúgio numa velha mansão da província
de Varm-land e sob o nome de cavaleiros de Ekeby, viveram ali uma vida
desenfreada de divertimentos e aventuras.
Um
deles chamava-se Ruster e era um jovem músico que tocava flauta.
De
origem humilde, pobre, necessitando de um lar e de família, conheceu tempos
muito duros quando aquele alegre bando se dispersou. Já não tinha cavalo, nem
carros, nem peliça, nem um bom cesto carregado de provisões. E teve de ir a pé
de casa em casa, com uma trouxa na mão, a roupa embrulhada num lenço, para
melhor dissimular o estado do colete e da camisa. Trazia toda a fortuna nas
algibeiras: uma flauta desarmada, uma cabaça de aguardente e a pena.
Se
os bons tempos não tivessem mudado, um copista de música como êle não teria
mãos a medir, mas, ai! a gente de Varmland se desinteressava cada vez mais das
melodias e das lindas árias. Dependuravam nos celeiros as guitarras, com as
suas fitas desbotadas e as cravelhas já gastas, bem como as buzinas de caça,
com as borlas meio desfiadas e o pó amontoava-se em camadas espessas sobre a
caixa dos violinos. E à medida que a flauta e a pena de Ruster trabalhavam
menos, a garrafa, que nunca o abandonava, trabalhava mais. Tornou-se um bêbedo
incorrigível. Embora fosse recebido como um velho amigo, a sua chegada produzia
uma certa contrariedade, e a sua saída, alegria. Estava sempre cheirando a
álcool, que exalava de todos os poros, e logo ao segundo ponche, os olhos já
turvos, entabolava as conversas mais desagradáveis. Era o eterno pesadelo das
casas hospitaleiras.
Dias.
antes do Natal, chegara a Lofdala, onde vivia a grande violinista Liliécrona,
que fora também cavaleiro de Ekeby e um dos mais entusiastas daquela vida
desregrada. Depois Liliécrona voltara para junto da família, e nunca mais a
deixou. Quando Ruster lhe apareceu pedindo trabalho, no meio de toda a azáfama
para os preparativos da festa, Liliécrona deu-lhe alguns trechos de música para
copiar.
— Terias
feito melhor se o tivesses deixado ir — disse-lhe a mulher; — vai prolongar o
seu trabalho de tal forma que seremos obrigados a tê-lo conosco durante o
Natal.
— Em
alguma parte há de o passar — respondeu Liliécrona.
E
ofereceu de beber a Ruster, fazendo-lhe companhia e recordando os seus dias de
boêmia. No fundo, a convivência de Ruster incomodava-o um pouco e
entristecia-o, mas nada queria dizer porque, para êle, as recordações de velhos
amigos e os seus deveres hospitalares eram coisas sagradas.
Havia
três semanas já que na casa de Liliécrona se faziam preparativos para a festa
do Natal; há três semanas que tudo andava numa roda-viva, numa atividade
febril. Os olhos já estavam vermelhos e cansados de fabricar tanta vela, as
mãos geladas de tanto bater cerveja no lavadouro, e, lá embaixo, na tenda das
provisões, não se parava um instante de salgar carne e de fazer salsichas. Mas
tanto os criados como a dona da casa suportavam, sem resmungar, aquele
acréscimo de trabalho, porque sabiam que, finda a tarefa e chegada a noite
santa ia baixar do céu um suavíssimo encanto que abençoaria a todos: que as
graças e os ditos alegres lhes saltariam naturalmente dos lábios, os pés iriam
ganhar asas nas danças da terra e as antigas árias e as velhas modas esquecidas
irromperiam dos recantos mais escuros da memória. E que alegres se sentiriam
então!
Mas,
quando viram chegar o jovem Ruster, tanto a dona da casa, como as criadas e as
crianças, todos pensaram que êle lhes vinha estragar a noite de Natal.
A
presença de Ruster pesava-lhes no coração. Receavam que Liliécrona ao impulso
de lembranças revolvidas sentisse despertar a sua vocação nômada e que o grande
violinista, que outrora não podia estar muito tempo ao lado dos seus, se
perdesse novamente para a família. E como se fizera amar naqueles dois anos que
tiveram a felicidade de o possuir! Dava-se a todos, era a alma da casa,
sobretudo na Noite de Natal. Sentava-se então perto da lareira, não no sofá ou
na cadeira de balanço, mas num grande banco, já poído pelo uso e pelos anos,
umas vezes contando histórias, outras, executando música, no meio de toda a
família atenta; pendente dos seus lábios e dos gestos, corria às aventuras mais
loucas e galopava através do mundo até às estréias. E a vida se fazia grande,
formosa e rica perante a irradiação daquela alma. Amavam-no assim como se ama a
noite de Natal, como se ama o sol e a primavera. Mas a presença do jovem Ruster
vinha-lhes comprometer a festa. Todas as suas canseiras para nada serviriam se
o espírito do dono se afastasse de casa. E, depois, quem podia olhar com calma
para aquele bêbedo sentado à mesa no meio da família honrada e piedosa, cuja
alegria êle estragava?
Na
véspera de Natal, pela manhã, Ruster tinha acabado de copiar a música. Falou
vagamente em partir, embora tivesse intenção de ficar. Sob a influência da má
vontade geral, Liliécrona respondeu, em termos também vagos, que talvez Ruster
fizesse melhor em passar o Natal onde estava. Mas Ruster era orgulhoso e
suscetível; retorceu os bigodes e sacudiu os cabelos que se lhe erguiam sobre a
cabeça como uma nuvem negra. Que queria dizer Liliécrona? Acaso êle, Ruster,
estaria incomodando? Em todas as casas de ferreiro da região o esperavam com
cama feita e o copo cheio. Tinha tanto trabalho e tantos convites que não sabia
por onde começar.
-
Muito bem, — disse-lhe Liliécrona — não te reterei.,
Depois
do almoço, o jovem Ruster pediu uma peliça e uma pele emprestadas, mandaram
atrelar um trenó e recomendaram ao criado que devia conduzi-lo que fustigasse
bem o cavalo, porque o tempo ameaçava nevar.
Ninguém
ali acreditava que Ruster fosse gostosamente recebido debaixo de qualquer teto;
mas afastavam de si aquele pensamento desagradável; regozijando-se por se verem
livres de tal personagem. — Quis ir-se embora — diziam — ninguém o obrigou. — E
agora, alegremo-nos.
Todavia,
quando, por volta das cinco horas, se reuniram em torno da árvore para dançar,
Liliécrona, preocupado e taciturno, não se sentou sobre o escabelo maravilhoso
nem tocou na tijela do ponche. Não se recordava da menor dança e o seu violino
não estava afinado. Teriam de cantar e dançar sem êle. Então a mulher ficou
inquieta c as crianças começaram a dar mostras de agitação. Tudo correu mal: o
serão do Natal foi um fracasso completo. O arroz pegava-se ao fundo das
caçarolas, e as candeias espirravam e cuspiam em lugar de arder; a lenha
fumegava e nas dependências da casa penetravam golfadas de ar glacial. O criado
que acompanhara Ruster, ainda não tinha regressado. A cozinheira chorava e as
criadas brigavam umas com as outras. De repente, Liliécrona reparou que não
tinham posto no pátio o molho de trigo para os pássaros e queixou-se
amargamente daquelas mulheres, que esqueciam as tradições antigas e não tinham
coração.
Mas
todas compreenderam que, muito mais do que nos pássaros, era no jovem Ruster
que êle pensava, arrependido de o ter deixado partir na Noite de Natal.
Meteu-se no seu quarto, fechando a porta, e ouviram-no tocar no violino árias
estranhas, como nos tempos passados, quando sentia a casa estreita demais para
êle; árias cheias de provocação e de mofa, plenas de torturante nostalgia.
A
mulher pensava: "Amanhã ir-se-á embora, se Deus não fizer um milagre esta
noite. E aqui está como a nossa falta de hospitalidade produziu a desgraça que
tanto queríamos evitar."
*
Entretanto
o jovem Ruster corria sob a tempestade. Andou de porta em porta pedindo
trabalho, mas não foi recebido em parte alguma. Nem sequer o convidaram a
descer do trenó. Uns tinham a casa cheia de convidados; outros tinham de passar
a noite em casa de pessoas amigas. Poderiam suportá-lo durante alguns dias, em
outras ocasiões, mas não numa noite de Natal. Em todo o ano não há senão uma e
as crianças preparam-se desde o outono para a gozar. Como sentar aquele homem à
mesma mesa que as crianças? E agora, que deu para beber, não sabiam onde
alojá-lo. O quarto dos criados não era suficientemente bom para êle e o dos
hóspedes era-o demasiado. E Ruster continuava o seu caminho, açoitado pelos
turbilhões de neve. O bigode, molhado, caía-lhe tristemente e os olhos
injetados já não viam; mas pouco a pouco, os vapores da aguardente que tinha
bebido dissiparam-se.
Admirado
do que lhe sucedia, começou por perguntar a si mesmo qual seria a razão disto.
Seria possível que ninguém tivesse querido recebê-lo? E, de repente, viu-se a
si mesmo; viu-se tal qual era: rebaixado, uma verdadeira ruína, um miserável,
que ninguém acolhia de boa vontade.
Acabou-se
tudo — disse. — Nem música para copiar, nem árias de flauta! Ninguém no mundo
tem necessidade ou compaixão de Ruster.
As
rajadas sucediam-se, levantando colunas de neve, que arrastavam para o meio dos
campos, num rodopio vertiginoso. Depois, cessavam, e a neve, terminada a sua
dança, tornava a cair, enchendo o vazio dos fossos.
—
Assim é a vida — disse Ruster consigo. — Dança–se e, depois da dança, vem a
queda. Somos um pobre floco que outros flocos vêm cobrir. Mas quando chega o
momento, então é que são as queixas e as lágrimas. Agora é a minha vez!
Não
o preocupava saber para onde o criado o levava; para onde senão para a morte? O
jovem Ruster não maldizia a flauta, nem a alegre boêmia dos tempos passados,
não pensava em que teria sido melhor para êle cultivar a terra ou trabalhar em
peles para calçados. Todavia lamentava não ter sido até ali senão um
instrumento usado, cuja alegria nunca mais deixaria de soar falso. Não acusava
ninguém. Quando a corrente está partida e a guitarra rachada, a gente desfaz-se
delas. Sentia-se muito ruim, muito só, inteiramente inútil, completamente
perdido: o frio e a fome matá-lo-iam naquela noite de Natal.
O
trenó deteve-se, viu luzes à sua volta e ouviu vozes carinhosas. Algumas
pessoas ajudaram-no a entrar numa sala bem aquecida, e fizeram-lhe beber chá
quente, ao mesmo tempo que lhe tiravam a peliça; e umas mãos tépidas
esfregavam-lhe os dedos enregelados e saudações de boas-vindas zuniam-lhe aos
ouvidos. Sentiu-se tão atordoado que demorou pelo menos um quarto de hora a
reconhecer que se encontrava em casa dos Liliécrona.
O
criado, cansado de correr duma herdade para a outra, debaixo da tempestade,
havia decidido regressar à casa.
Mas
muito menos compreendia Ruster o acolhimento de que era alvo. Não lhe ocorreu
que a sua hospedeira, cheia de compaixão ante a idéia da triste viagem que
havia feito e de que todas as portas se lhe tinham fechado naquela noite de
festa, esquecera as suas próprias preocupações.
Liliécrona,
sempre metido no seu quarto, desconhecendo o regresso de Ruster, continuava a
tocar no violino a sua música louca e selvagem.
Ruster
estava sentado na sala de jantar com as crianças. Os criados, que costumavam
sentar-se ali na noite de Natal, tinham ido para a cozinha como que em busca de
um refúgio contra o aborrecimento que nessa noite se apossara dos seus amos. A
mulher de Liliécrona aproximou-se de Ruster: — Meu marido tocará durante
toda a noite — disse — e eu tenho de tratar da ceia. Os pequenos estão sós.
Quer você, Ruster, tomar conta dos dois menores?
Ruster
não estava habituado a lidar com crianças. Não as encontrava nem debaixo das
tendas, nem nas estalagens, nem nas orgias, nem nos caminhos da boêmia. Sentia
diante delas uma grande timidez e não sabia o que dizer-lhes. Sacou da flauta e
deixava-os mexer nas chaves e nos buracos. O menor, que tinha quatro anos, e o
maior, que tinha seis, receberam a sua primeira lição da flauta e mostraram-se
vivamente interessados.
— Este
é o dó — disse *— e este, o ré.
E,
pegando numa folha de papel, desenhou as notas.
— Não,
não! — exclamaram eles. — Não é assim que se escreve dó.
E
correram para buscar o alfabeto.
Então
Ruster fêz-lhes perguntas acerca das letras. Sabiam umas, mas ignoravam outras.
Seus conhecimentos não eram ainda muito extensos. Ruster, interessado no caso,
sentou-os nos joelhos e julgou de seu dever completar-lhes a instrução. A mãe
ia e vinha da cozinha para a sala de jantar, e escutava cheia de surpresa. Os
pequenos riam, repetindo docilmente o abecedário. Mas pouco a pouco a atenção
de Ruster fatigou-se, a alegria desvaneceu–se-lhe as idéias, que se tinham
agitado dentro dele sob a tempestade, vieram-lhe à mente. Sim, tudo aquilo era
bom e encantador, mas passageiro; nem por isso deixara de estar menos acabado e
morto. E, de repente, levou as mãos à cara e começou a chorar.
A
mulher de Liliécrona acorreu solícita:
—
Ruster – disse — compreendo-o bem; você julga que já não tem nada a fazer no
mundo. A música dá pouco e a aguardente arruína-o. Mas nem tudo está perdido.
— Oh,
sim! — soluçou o jovem flautista.
— Vejamos:
não seria melhor que você ensinasse as crianças a ler e a escrever? Ficar
sentado junto delas como nesta noite? E quem quisesse dedicar-se a esta tarefa,
não seria bem recebido em toda parte? Não são as crianças instrumentos mais
sensíveis do que a flauta e o violino? Olhe bem para elas, Ruster. — Não
me atrevo »— murmurou êle, porque lhe parecia doloroso contemplar as suas almas
puras através dos seus formosos olhos.
A
mulher de Liliécrona começou a rir, com um riso feliz e claro.
— Em
breve se acostumará, Ruster. Este ano ficará em nossa casa como mestre-escola.
Liliécrona,
que ouvira a risada, saiu do quarto.
— O
que há?
— Não
há nada — respondeu-lhe a mulher. .— Foi Ruster que voltou e já o levei a
comprometer-se a que ensinaria as crianças a ler e a escrever.
—
Fizeste isso? — disse em voz baixa — fizeste isto? Mas, êle prometeu. . . ?
—
Não; não prometeu nada. Mas compreenderá que é preciso privar-se de muitas
coisas, quando todos os dias a gente tem de encontrar-se com os olhos das
crianças. Se não fosse Noite de Natal talvez eu tivesse hesitado ou voltado
atrás. Mas, quando Deus não receou pôr o seu filho, o seu próprio Filho, entre
nós, pecadores, penso que posso dar aos meus filhos a ocasião de salvar uma
alma.
Liliécrona
não respondeu nada, mas todas as rugas do seu rosto se distenderam e tremeram.
Inclinou-se para a mulher, pegou-lhe na mão e beijou-a piedosamente.
Depois
gritou:
—
Meninos, venham todos aqui e beijem a mão de sua mamã.
E em
casa de Liliécrona houve uma noite de Natal muito alegre e feliz.
CANTINHO DA POESIA
ÁLVARES DE AZEVEDO
Manuel Antônio Álvares de Azevedo foi um escritor da
segunda geração romântica, contista, dramaturgo, poeta e ensaísta brasileiro,
autor de Noite na Taverna. Wikipédia
Nascimento: 12 de setembro de 1831, São Paulo, São Paulo
Falecimento: 25 de abril de 1852, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro
ARLETE TRENTINI
Catarinense,poetisa,escritora,autora
de livros infantis,esta bela moça é detentora de vários prêmios literários e
membro de um sem número de Academias em todo o Brasil.Com muitos llivros
publicados,uma figura exponencial na sua cidade,Gaspar,é casada com o também
poeta,Bridon.
Embaixadora da Paz
da Divine Académie Française Des
Arts ,Lettres et Culture.
SE ACHEGOU...
Se achegou tão calmamente
Cutucou a minha alma.
Leu a minha mente...
Suas palavras faziam sentido
E eu era toda ouvidos
Falava de paz,de alegria,
De amor e de nostalgia...
Eu sentia toda aquela energia,
Mostrou-me um céu tão
diferente
Que as estrelas eu contei...
Eram milhares ou milhões
Mas,eu nunca antes observei?
Suas palavras me aqueciam
Mais que o sol do meio dia
E,assim,a cada hora
Eu vibrava de alegria...
PECADOS DA LÍNGUA
Nova ortografia
BOM HUMOR
LITERATURA INFANTIL
O PIQUINIQUE DE PLATÃO TÃO – TÃO
ESTE BELO LIVRO INFANTIL LEVA A FILOSOFIA ATÉ AS CRIANÇAS E ADOLESCENTES.
FESTAS LITERÁRIAS E LANÇAMENTOS
Flica OUTUBRO/15
Flimar NOVEMBRO/15
CAROS AMIGOS
ADILSON COSTA,NETO E SÓCIO
CARLITO LIMA ,CRIADOR DA FLIMAR
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