“Ninguém viu onde estará
minha lágrima perdida?”
Conheci um homem que me disse que nunca se apaixonou;conheceu uma moça,casou-se ,tiveram filhos,mas,em nenhum momento viveu aquela fúria,aquela explosão de sentimentos,aquele turbilhão, que caracteriza a paixão.Se o medo é o preconceito dos sentidos,a paixão é o transbordamento da alma;olhei para aquele homem,com uma pena sincera.Nunca ter sentido as agonias da paixão,as esperas,as revoltas,as lágrimas,o desespero,a doçura,o frêmito-coitado dele!-não era um homem,era um vegetal.
A boca seca, o olhar ávido,aquele fogo interior que queima as entranhas,aquela lassidez, a vontade de se escravizar,de se tornar rainha,o desejo da doação de si mesma,a fúria do desejo desenfreado,a busca,aquele tesão de doer os dentes,ele não viveu nada disso.Teve uma vida morna como um chá passado.Deve beirar os setenta anos e,nada conhece dos sentimentos humanos.Não sofreu,mas,também,não viveu;não arriscou,mas,também,não ganhou:foi um espectador da vida.Passou pela vida em brancas nuvens,só passou pela vida,não viveu...
Nunca viver um amor imensurável e forte,um amor desvairado,que toque os céus e desafie a morte ,deve ser terrível.Sei que uma paixão desatinada sempre acaba em manchete de jornal:alguns matam e morrem por amor,mas pelo menos,viveram.
Amei e sofri por amor, mas,não me arrependo;escrevi a estória da minha vida a fogo e paixão,desci aos infernos,no terceiro dia ressurgi dos mortos,conheci o delírio e a paz do amor,muitos amores,porque ele tem mil faces.Mas,não trocaria a minha vida conturbada pela pasmaceira mórbida das vidas sem paixão.
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