quinta-feira, 18 de novembro de 2010

CONFISSÕES DE UMA AMANTE



Amado
Quando o telefone toca e ouço tua voz do outro lado do fio –meu amor,puxa! – tudo passa a ficar tão bonito!
Sinto que te amo.Te amo muito apesar das decepções,das ausências,das noites vazias.Talvez seja eu a culpada por muito exigir e pouco cobrar.Pois eu queria não ser apenas um acidente na tua vida,queria ocupar um espaço nela,numa escala de importância como as tuas telas,teus amigos,teus interesses...
Amar também é exigir,porque eu te dou tudo,meus pensamentos,todas as minhas horas,numa devoção de beata,num fervor de crente.
Já tentei racionalizar este amor (racionalizar o amor!?Devo estar doida!) pô-lo no seu devido lugar,estabelecer um equilíbrio de sentimentos,toma lá ,dá cá,,mas,não consigo refrear esta paixão instintiva,insolente,despudorada, que teima em ocupar espaço no meu coração,expulsando com fúria de policial nas passeatas os outros homens que me desejam e me querem e que poderiam me oferecer muito mais do que um colóquio ao telefone.
Pois,como qualquer mulher,eu sonho com um relacionamento amoroso,estável,pacífico,uma convivência feliz,um companheiro para contar...
Mas,tu ,que estás sempre a anos luz da minha vida,que quase nada sabes de mim além dos meus suspiros controlados pelos  detestáveis relógios que dobram finados pelo nosso amor ,porque não posso parar de te querer?
Tenho consciência de que não sou feliz,de que não me fazes feliz e, no entanto ,prossigo com esta loucura,porque?
Estou descobrindo  em mim facetas desconhecidas e sei que quando tudo isto se acabar nem eu nem tu seremos os mesmos.De uma certa maneira cada um de nós desencadeou uma revolução dentro do outro.Nos abrimos por completo um para o outro,não apenas de modo físico ou sexual,mas,como seres humanos relacionados de um modo secreto num mundo particular,só nosso,onde nenhum estranho  poderá penetrar.
Claro que tenho momentos de felicidade; quando deitados um ao lado do outro,coladinhos,nossas pernas entrelaçadas,nossa respiração misturada,minha cabeça descansando no teu peito.Acaricias meu cabelo com doçura e murmuras palavras doces e amorosas.Neste momento não temos perguntas que nos separam;somos unos no nosso desejo e na nossa paixão.Um prazer que aflora dos nossos corpos,um cheiro de libido no ar,um doce ronroronar de corpos saciados.
Mas,o sofrimento volta,cruel,constante,doloroso quando estou longe de ti;desejaria nunca ter te conhecido.
Se fôssemos amigos te alertaria sobre os perigos de brincar com corações alheios;sinto que começo a questionar tudo isto e um belo dia irei embora.O amor necessita de alicerces e tu me empurras para baixo,um pouco cada dia e esta casa pouco sólida desabará.Então o que te restará?
Será que outra mulher te amará como eu te amei,será tão tolerante como eu fui,tão compreensiva,afetuosa e desprendida?
Pensando bem acho que meu erro está ai;pois toda filha de Eva deve ser um pouco demoníaca porque os homens gostam assim;precisam de uma santa em casa na rua querem libertinagem e paixão.Aqueles nos quais eu bati forte estão até hoje ao meu redor como libélulas no fogo.
É ,resta esperar o refluxo da maré.Quem sabe,num dia que não está muito longe,essas palavras que escrevo hoje não brotarão da sua boca e do seu coração e estes tormentos não serão teus?
Um beijo da tua
Amada

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