Cansada da sengracice das viagens
aéreas,rápidas,mas,insossas,decidi ir da trem de Barcelona á Madri. Saímos da
Estación di Sanctis, num trem confortavel, limpo e com cabinas climatizadas;era
começo de outubro e o frio já se fazia presente. Passamos por suburbios
ferroviarios, que nem de longe se parecem com os daqui,tão feios e tão
sujos;belas casas,jardins,um certo quê de opulencia; na Europa é chique morar
nos suburbios. O trem corria,célere,"a la orilla del mar". Passamos
pela bela cidade de Tarragona,onde eu ja havia estado,de navio. Está um radioso
dia de sol e já alcançamos Torredembarda, lindo burgo com um castelo
medieval;pena que não pude saber nada da sua história,eu que sou vidrada em
historia antiga.Um rapaz passou empurrando um carrinho cheio de gulodices, água
e refrigerantes;vai e vem com seu carrinho,prá lá e prá cá,num balé monótono.
Mudei
de janela,escolhi uma panorâmica,a 38-39;tinha direito;afinal,é minha primeira
viagem de trem,na Europa,e aqui não temos disto; nunca entendi como um país
continental,como o nosso, pode prescindir do transporte ferroviario.
Meu vagão está semi-vazioAs poltronas são
anatômicas,ponho minha valise de mão no chão e meus pés sobre ela.
A viagem transcorre como um belo sonho ;não
há barulhos,nem fumantes,tudo perfeito.
Estamos eu Lliure,avisto uma praia bem
bonita,deve ficar lotada,no verão.
Casas ricas,brancas,mediterrâneas.Muita
quietude e paz;deve ser um lugar bom para viver;
O trem para na estação, torço para que não
entre ninguém para me expulsar do "meu"banco;entra uma
"señorita",mas,senta no banco ao lado.
Conversamos,ela conta que é de
Tarragona,mas,não gosta de cidades grandes,vai trocar por uma menor.
De repente ,uma música envolve a cabine,com
alegres acordes-Contos dos Bosques de Viena-meu coração se aquece.
O trem só demora 5 minutinhos e "se
marcha"Vem um funcionário com auriculares para os passageiros ouvir em um filme que passa na TV á minha
frente.
A voz, no autofalante anuncia o inicio do
serviço de bordo;passará um funcionario para anotar os pedidos.
Chegamos a Reins exatamente ás 13.05 hs.é uma
região agricola,muitos silos para armazenar grãos;Pequeno burgo encravado nas
rochas,uma pequena estação;avisto as torres dos campanários,ao fundo;recordo a
música de Calheiros,que tanto ouvi na minha infancia:"no alto dum
campanario,uma cruz simboliza o passado..."Não sei como essas coisas vêm
parar ás nossas cabeças.Percebi muitos túneis,entra em um para sair em
outro...Boas rodovias,bem sinalizadas,paralelas á via férrea.
Paradel de la Texeta,plenos campos
espanhois.Vejo um rio,com praias,qual será? O Ebro,talvez...Outra cidadezinha
campesina,um ar bem antigo;linda de doer! Um pontilhão,sobre um belo rio,região
de serras baixas e escarpadas.O rio nos acompanha,ferrovia,rio,estrada.
O balanço do trem começa a me dar
sono;epa!uma cidade grande,qual será?a falta que um mapa faz.Vejo um
monjolo,num campo infinito;um rio largo,uma central elétrica Erkinia S/A é o
nome da usina ou parque industrial. O rio fica mais largo,passamos por Fayón,um
pequeno arrabalde.Um pequeno vale entre montanhas,uma horta bem tratada,alguns
açudes e aguadas.
Vou ao toilete,que se parece com o dos
aviões,limpo,funcional e impessoal.Circunspectos senhores , empregados da
RENFE-rede ferroviaris espanhola,passam por mim com a postura de lordes
ingleses;perfumados,elegantes nos seus paletós marinhos. Começa uma região de
fazendas-Chiprana_outro vilarejo campestre;Samper de Calanda,tem um pequeno
castelo ou monasterio,parece um pequeno "village",adoravel.Depois de
km. de planicies áridas e desgraciosas estamos chegando a Zaragoza, apenas
avistei os campos cultivados,passamos
distante da cidade.Uma adoravel igrejinha medieval-La Cartuja-ilumina a
paisagem.
Esta é a Espanha industrializada,repleta de
silos,fábricas e barracões.Aviso de chegada á Zaragoza,bela cidade da região de
Aragón.
Chegou a senhora , dona da minha
cadeira;muito gentil,não quis que eu saísse;justo,justissimo;ela deve fazer
esta viagem com freqüencia,eu não;feliz como pinto no lixo,continuei olhando
tudo.
Os avisos internos do trem são em
catalão,espanhol e inglês. Admiro uma fortaleza em Ricla,no alto de um morro.A
TV mostra partes de Madri a ser visitadas e eu me delicio com as cores do
outono,uma luminosidade indescritivel;imagino o cheiro lá fora,aquele adocicado
no ar,as folhas caindo,aluz.
Paraciellos,fazendas e mais fazendas,um
castelo em ruinas,no alto guardando a cidade.
Passamos Terrel,agora Atecas,um
"poble" de casa feias,Alhama de Aragón,Ariza.
Pôr do sol no campo,matizes sépia,belas
plantações de flores e muito,muito verde;visões de
Matisse,Thoreau,Utrillo...Estamos perto de Madri,uma rodovia estreita e sem
acostamento,corre paralela a nós.Os nomes desfilam Medinacelli,Torralba.
Uma visão bíblica,um criatório de carneiros,
de repente o chão se cobre de branco,milhares de patas,os borregos,tão
bonitinhos;aqui se come muito "ternero" e exportam também. Guadalajara,cidade
grande,ja deve ser arredores de Madri. São 18.20hs;daqui a meia
hora,chegaremos.Pronto:Estação Chamartin,exatamente no horario.
Um dos meus sonhos antes de partir desta para melhor é tirar umas fotos , pelo lado espanhol, do Estreito de Gibraltar. Ali tem histórias que , apesar de ter sido de pilhagem, escravização e pirataria, muito me fascina pela beleza. Obrigado pelo delicioso passeio, Miriam! Abração. Paz e bem.
ResponderExcluirCacá,passei algumas vezes p/ Gibraltar,mas,nunca desci do navio p/ conhecê-lo melhor,como era meu desejo.Tb acho o lugar misterioso e fascinante.
ResponderExcluirQuerido,ninguém recebe um sonho sem receber tb os meios de realizà´-lo;continue pensando firmemente,pois,as boas energias do Universo conspirarão p/ q/ tudo aconteça.
bjs