O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
que chega a fingir que é dor
a dor que deveras sente.
*
E os que lêem o que escreve,
na dor lida sentem bem,
não as duas que ele teve,
mas,só as que eles não têm.
*
E assim nas calhas de roda
Gira,a entreter a razão,
esse comboio de corda
que se chama o coração.
(Fernando Pessoa)
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