quarta-feira, 16 de junho de 2010

A COPA DE /58: RECORDAÇÕES




Eu era uma adolescente de 16 anos em 1958. Confesso ser um pouco difícil convencer meu neto de cinco anos,que,eu,um dia já tive 16 anos.O Brasil vinha saindo de um tremendo desastre esportivo,a perda da Taça para o Uruguai, em pleno Maracanã,quando o nosso complexo de vira-lata,nunca esteve tão presente.Nós não éramos nada diante do mundo.

Mas, veio a Copa de /58 e ,graças a Paulo Machado de Carvalho a esperança renascia.Íamos enfrentar a Suécia,para quem éramos desconhecidos; lá , perguntava-se nas ruas,: -Que país é esse? Onde fica,na Àfrica? E nós baixávamos as nossas cabeças e nos recolhíamos á nossa insiginificancia .

Até o glorioso dia 29/06/58,aliás,dia de S.Pedro. Nesse dia,o mundo prestou atenção no Brasil e o Brasil conheceu a glória.

Eu, uma adolescente apaixonada pelo meu país,como sempre fui,meus tios,meus primos,amigos,num tempo em que o bairro inteiro se conhecia,o tempo das cadeiras nas calçadas,dos saraus e do cinema Roma,aos domingos,nos preparavamos para festejar a Copa.

Minha família morava num prédio de três andares,então fizemos balões do tamanho da fachada,bem enfeitados e agaloados,preparamos os fogos,a canjica,os licores,o amendoim,a música,pois,em cada casa daquele bairro haveria festa.Todos iriam á casa de todos,num entra e sai divertido.

Nosso vizinho,que tinha uma mansão,com um grande salão de dança ao ar livre,preparou o arrasta-pé.

Nós,vestidos de verde-amarelo,as bandeiras nacionais imensas estendidas nas fachadas,bandeirolas coloridas,circundando todo prédio,esperávamos a hora de soltar o grito triunfal:A COPA É NOSSA! E reverenciar os novos deuses! Pelé, Garrincha, Mazolla,Djalma Santos, Di Sordi, Gilmar.Ah,as pernas de Gilmar!Que garota esqueceria!E Zagallo,Mário Jorge Lobo Zagallo;sim ó mesmo do “vocês vão ter que me engolir!”

E que engolimos com prazer até hoje.

Eles criaram o futebol arte. Sob o comando de Feola, nos devolveram a auto-estima,esses gigantes levantaram o Brasil nos seus ombros e gritaram:

-Estamos aqui;e viemos para ficar.Eram brasileiros.Vibravam,lutavam,brigavam por seu país,quase todos pobres,hoje. Bem diferente dos “nikeanos” de agora,apátridas,felizes com suas algemas de cristal,não mais guerreiros,não mais aguerridos,vão onde os patrões lhes mandam.
Por estes eu não soltaria nem um traque.

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