sábado, 19 de junho de 2010
A MORTE DE SARAMAGO
É uma notícia difícil de digerir: José Saramago morreu. Estava e já não está, como ele mesmo descreveu a morte.
Que diremos agora? Que nos sentimos mais sós, que nos fará muita falta.
Com ele parte não só um grande escritor, mas um intelectual comprometido, um cidadão honesto
Esta editora, Alfaguara, era a sua casa no idioma espanhol, e desde 1994 fomos testemunhas do imenso carinho que despertava entre todos os seus leitores de ambos os lados do Atlântico. Com mais de uma vintena de livros, a sua obra converteu-se numa coluna fundamental da nossa própria editora. Escritor admirado e querido em partes iguais, viveu uma vida intensa e fecunda.
Foi um escritor imenso e um cidadão de pleno direito. Nada estava fora do seu interesse e o seu legado intelectual é património de todos.
Graças a Pilar del Rio, sua tradutora, julgámos que era um escritor espanhol. Sentimo-lo tão nosso como se partilhássemos essa pátria mais que tangível que é a língua.
No seu último livro, Caim, com a distância que lhe permite a ironia e a proximidade que lhe autoriza um compromisso apaixonado com os factos que narra, ele oferecia-nos uma crua e, simultaneamente, humorística paródia do governo do céu.
Adeus a José Saramago. Despedimo-nos sabendo que com ele só podemos mesmo é estar agradecidos.
TEXTO DE PILAR REYES,TRANSCRITO DO DIÁRIO DE NOTÍCIAS,JORNAL PORTUGUÊS.
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